segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Memórias de Uma Viagem ao Peru

















Capítulo I- Chegada a Lima.


Parti para o Peru no dia 16 de Junho, foi uma viagem cansativa marcada por dois vôos: Lisboa/Madrid e Madrid/Lima, 13 horas de avião num espaço exíguo e bastante desconfortante. Aproveitei para começar as minhas leituras e a escolha recaíu inevitavelmente sobre o Into te wild (estava ansioso por o começar a ler), à medida que o tempo passava fui devorando as páginas do livro até chegar àquele momento em que me disse a mim mesmo,"calma, por este andar terminas de ler o livro rapidamente" e sorri. Resolvi depois olhar para o meu plano de viagem, escrevi num papel o que queria ver e uma previsão do tempo que iria estar em cada local, bem como, o tempo previsto para as viagens de autocarro que teria de fazer:

Lima (dia 17),

Pisco e Ilhas Balestras (manhã de dia 18) e viagem à tarde para Nazca,

Linhas de Nazca (manhã de dia 19) voar sobre as linhas da parte da manhã e ir de autocarro para Cuzco à tarde (9 horas de caminho)

Chegar a Cuzco dia 20 e visitar o Vale sagrado, Águas Calientes Matcchu Pitchu- ( 6 dias), desde dia 20 a 26

Partir para Puno dia 27 (6 horas de caminho), e visistar as Ilhas Flutuantes e Lago Titikaka- (3 dias)

Voltar para Lima (de avião) dia 1 e partida para Madrid-Lisboa dia 2


Olhei para o meu plano e para o Guia Lonely Planet sobre o Peru e senti-me confiante, podia finalmente adormecer ao som das músicas que levei no mp3, para me reconfortar em momentos de maior solidão.

Cheguei a Lima perto das 18 horas locais. Lima era o único local em que tinha marcado alojamento, isto porque chegar a um continente desconhecido e a um país que pouco ou nada sabia, além da leitura do Lonely Planet e conversas com pessoas que conhecem o Peru, tem realmente os seus inconvenientes.

Quando aterrei em Lima tinha à minha espera o transfer do Hotel. Fiquei a saber poucos dias antes da viagem que viajar de táxi na capital Peruana era algo perigoso, sendo frequentes os roubos e raptos de turistas mais incautos e aventureiros. A viagem entre o aeroporto e Hotel demorou cerca de 1 hora, durante o caminho fui-me mentalizando que estava em Lima, a milhares de quilómetros de casa, sozinho e cheio de vontade de cumprir com tudo o que que me tinha proposto a fazer nesta viagem. Fui percorrendo a paisagem com um olhar, atento e de admiração. O senhor do Hotel não era muito conversador, mas tentei fazer alguma conversa e expliquei-lhe de onde vinha e porque vinha para o Peru. Ao passar por uma estrada paralela ao mar lembro-me de lhe dizer, boas ondas, fazem por aqui surf? ao que o senhor me respondeu que ali nem pensar porque há muita poluição, mas que mais a norte o surf é um local privilegiado para a prática deste desporto e relativamente popular.

Lima é uma cidade à beira mar plantada e dividida por distritos, cerca de 50, sua população contando com a periferia ronda os 14 milhões de habitantes e pelo que me informei não tinha muito para ver. O Hotel onde fiquei fica no distrito de Miraflores que é considerada uma área turística e relativamente segura para os standards da cidade. Cheguei bastante cansado ao Hotel, com energias apenas para tomar um banho e deitar-me, adormeci envolto nos desejos que fiz para esta viagem e com um sorriso na Alma.



Acordei eram 8 horas, cheio de vontade de iniciar a minha visita à capital Peruana. Saí do hotel e estabeleci um plano, ir para a zona histórica da cidade, o mesmo é dizer, ir para a plaza de armas. Vim a constatar mais tarde que é o centro de qualquer lugarejo naquela parte do mundo. Resolvi de mochila às costas por-me a caminho, não sei se era por estar num ambiente completamente novo ou se é mesmo defeito meu, olhava para ruas e para o mapa e pensava, não faço a mínima ideia onde estou. Depois de algumas voltas a pé, resolvi no meu Espanhol arcaico perguntar como podia fazer, para ir para a plaza de armas, dirigi-me a uma senhora de uma loja e posso dizer que ainda hoje estou para perceber o que me disseram, fiz nova tentativa e lá entendi que tinha de apanhar uma série de autocarros, para chegar ao centro.

Quando da minha saída do hotel, fui convidado a apanhar logo ali o serviço táxi que tinham, ao que educadamente recusei por querer de autocarro me misturar com os locais, mas como não me estava a sair muito bem, voltei atrás e disse ao senhor para me levar para o centro de Lima. A viagem foi interessante, o condutor era diferente do que me tinha levado no dia anterior do aeroporto até ao hotel e estava muito interessado em saber o que queria fazer e de onde era, foi um ápice até me querer vender a ideia de um tour guiado pela cidade, também me disse que era perigoso andar de táxi na cidade. Claro que não queria fazer um tour de táxi pela cidade, mas achei melhor lhe dizer que ia pensar e depois lhe dizia alguma coisa.

Chegado a plaza de armas tentei perceber o que queria fazer, sim, porque até àquele momento a minha cabeça era um turbilhão de ideias e de vontades. Decidi procurar um daquelas gabinetes turísticos que sabia que existiam naquela zona, tive mais uma vez de lidar com a minha inaptidão para me posicionar nos mapas, normalmente e por experiências anteriores é coisa para durar cerca de quinze minutos. Localizei-me e fui então ao apoio turístico, queria também aproveitar para perceber como é que poderia sair de Lima e de que forma, visto que na manhã seguinte iria para Pisco. Fui atendido por uma rapariga muito simpática que me deu as informações que desejava, fez-me também um aviso "atenção à máquina fotográfica", agradeci o aviso e com as indicações gravadas em papel, pus-me a caminho. Era tempo de iniciar finalmente a visita a Lima, vagueei durante algum tempo pelas ruas e ruelas de Lima e sentindo segurança que nunca chegarei a perceber se era meramente aparente, comecei a fotografar: pessoas, edifícios e aquilo que é uma das minhas preferências, janelas, acho que cada janela conta uma estória, se a pudermos guardar num instante, essa estória será eterna. Decidi ir a pé até ao local que a funcionária do turismo me disse e comprar o bilhete para Pisco, à medida que ia saindo da zona central, as ruas iam-se degradando bem como o pavimento da estrada, muitas das vezes o alcatrão foi substituído pela própria terra, havendo canalização à vista, um caos, só me lembrava daqueles filmes sobre a América Latina onde tudo é sujo, porco e sem qualquer tipo de cuidados. Cheguei à avenida Abancay e de repente vejo um Polícia a gesticular na minha direcção, tentei perceber o que ele me dizia, nesta altura ainda sofria com o espanhol, não sei se é por não gostar do espanhol ou se pela minha recente aprendizagem do Italiano, confesso que foi um pouco difícil, mas lá nos entendemos. Primeiro fui mais uma vez alertado para o facto de ser aconselhável guardar a máquina, ainda por cima estava numa das zonas mais perigosas da cidade e onde os assaltos são frequentes. Já de máquina na mala o Polícia perguntou-me de onde era, o que fazia, qual o alcance da lente, quanto custava, etc. Depois de responder às questões do Polícia, disse-lhe que queria comprar um bilhete de autocarro para Pisco e que estava à procura das agências que me tinham sido indicadas pelo apoio turístico, o polícia prontamente se ofereceu para me ajudar e muito simpaticamente disse-me que ia me arranjar uma táxi para me levar à companhia transportadora. Íamos calmamente no nosso caminho quando sou pela primeira vez confrontado com os problemas políticos do Peru e neste caso uma «bela» de uma manifestação dos Índios Peruanos contra o poder instalado do governo Peruano. O Polícia explicou-me que os Índios estão contra a expropriação das suas terras que estão ao abrigo da lei das reservas, para as entregarem a Multinacionais com o propósito da exploração da riqueza mineral do Peru. Fiquei a saber que recentemente tinham morrido mais de 40 índios numa manifestação e que realmente se tratava de um problema grave e vivido de forma intensa por ambas as partes. Foi realmente uma experiência que nunca irei esquecer, ver as pessoas «desfilando» pelas ruas, de bandeiras desfraldadas, gritando, protestando e reivindicando os seus direitos, era a marcha de quem tem pouco para comer, que vive como vim a constatar mais tarde, com um quase nada mas que nada realidade para aquele povo é um quase tudo. Escusado será dizer que fiquei em êxtase com esta situação, viver algo de tão forte no primeiro dia, foi realmente especial! Uma espécie de 25 de Abril…


Já se sabe que quando estas Multinacionais vão para estes Países subdesenvolvidos, exploram as suas gentes e riquezas. Por norma as democracias na América Latina são profundamente instáveis, corruptas e com deficiente legislação, são um paraíso para companhias sem escrúpulos, ávidas do lucro fácil e sem o mínimo de preocupações pelas gentes dos locais onde se instalam.

Sou a favor da entrada de capitais estrangeiros nas economias, alavancando o desenvolvimento e funcionando como uma locomotiva do bem estar social, proporcionando melhores condições de vida a todos intervenientes, mas neste caso em particular, parece-me que estamos a falar de mais um caso tradicional de exploração dos recursos de um País, sem agregar valor à economia local e muito menos às pessoas que vivem naquelas zonas do Peru.


De volta ao meu caminho com o Polícia, chegámos ao local que o mesmo elegeu ser o óptimo para me arranjar um táxi e embora passassem dezenas de táxis, o polícia parecia estar à espera de um táxi qualquer em particular que parecia não querer chegar. Por fim e depois de 5 minutos de espera e muitos táxis mais tarde, lá apareceu aquele que achou ser o certo para a minha pessoa. Entrei no carro e agradeci com um sorriso ao Polícia, que num espanhol que não percebi muito bem lá deu indicações ao taxista. Éramos quatro pessoas no automóvel, parece que o colectivismo é muito apreciado naquela parte do mundo e lá fui na companhia daquelas pessoas que nunca tinha visto, nem sabia para onde iam, percorrendo avenidas que não sabia o nome, na esperança que o polícia não pertencesse a nenhuma quadrilha organizada para raptar turistas e que o meu destino fosse realmente a companhia dos autocarros. Passados 10 minutos cheguei ao local desejado, são e salvo e muito aliviado, dirigi-me a tal companhia e comprei o bilhete para Pisco às 7h40 do dia seguinte. Fiz o trajecto de volta para a plaza de armas a pé, pensei que seria bonito ver melhor a cidade e capturar momentos na minha máquina fotográfica.

Já na plaza de armas decidi que queria ver os restos mortais do famoso Francisco Pizarro, Conquistador e Explorador Espanhol que no século dezasseis perseguiu a civilização Inca. Falando um pouco desta plaza, deve ser das poucas coisas bonitas que vi em Lima, limpa, florida, com uma fonte ao centro, parecida à nossa fonte do Rossio, ladeada por edifícios realmente muito bonitos, como é por exemplo o Palácio do Governo. Além das particularidades arquitectónicas da plaza houve também algo que me chamou à atenção, que foi o contigente militar que rodeava a plaza, penso que tinha a ver com as manifestações e foi realmente inesperado ver militares de armas em punho e de escudos, no meio de turistas e população local.

Fui tirando fotografias e de repente sou interpelado por um casal jovem de Peruamos, que me viu de máquina em punho e meteu conversa comigo. Perguntaram-me de onde era e quando respondi de Portugal, a simpática rapariga falou-me logo no Cristiano Ronaldo (até no Peru o nosso futebolista é conhecido). Fomos conversando e fiquei a saber que ele conhecia a Madeira e Lisboa, foi também muito agradável perceber que falavam vários idiomas: Espanhol, Francês, Italiano e Inglês. Aproveitei para treinar o meu recente e rudimentar Italiano. Como é da prache, perguntei o que eles me aconselhavam a visitar e disse-lhes que ia ver os restos do Pizarro à Catedral, aprovaram e ofereceram-se para me acompanhar a umas catacumbas que existem ali por perto e que são interessantes, segundo eles. Combinamos então que eu ia ver as catacumbas, depois a catedral e que por volta das dezasseis horas, nos voltariamos a encontrar na plaza. Cheguei à entrada das catacumbas e deparei-me com uma pequena praça, uma igreja e com centenas de pombos a voar em todas as direcções, guardei aquele momento único na máquina fotográfica e clique atrás de clique fui-me deixando hipnotizar pelo bailado dos pombos. Tirei várias dezenas de fotos e hoje olhando para trás e para as fotografias que tirei, posso eleger uma dessas fotos como a fotografia da viagem, uma fotografia inspiradora que é um hino à liberdade. Entretando queria tirar uma daquelas fotografias de aves, voando em todas as direcções possíveis e imaginárias, quando um rapaz que percebi não ser Peruano se ofereceu para dar milho aos pombos, para que eu fizesse a tal fotografia que procurava, agradeci amavelmente e depois de tirar a tal foto começamos a falar, o rapaz era Francês viajava pelo mundo, vivia da venda de artesanato que aprendeu a fazer e também partilhava o gosto pela fotografia, continuamos a falar durante breves minutos e depois cada um foi à sua vida. Olhei para o relógio e vi que estava muito atrasado porque tinha combinado me encontrar com o tal casal perto das 16h00 e não tinha visto as catacumbas e queria ainda ver a Catedral. Optei por deixar as catacumbas, lembrei-me de umas que tinha visitado o ano anterior perto de Roma) para outra viagem e decidir ir ver o Pizarro.

A visita correu dentro da normalidade de quem visita uma catedral, vi os restos mortais do Senhor "Conquistador" dentro de uma urna, mas houve uma coisa que me fascinou, tratava-se de uma visita com guia e fiquei realmente tocado com a fé cristã daquele homem, nunca irei esquecer o olhar intenso, os gestos crentes, as palavras puras, de uma alma que acredita que algo superior guia as nossas vidas e que tudo nesta nossa vida obedece a uma ordem divina, que ele não questionava, aceitando a natureza das coisas, os desígnios do seu Destino, como uma missão que Deus lhe deu. Fui conquistado não pelo "Conquistador", mas sim, pela bondade e pureza daquele Homem que estava à minha frente, ainda hoje me lembro das suas feições, marcadas pela passagem do tempo, lembro-me das pausas do seu discurso, lembro-me das suas palavras, lembro-me da sua bondade...

Saí da catedral perto das 17 horas, olhei em ao redor da plaza e não encontrei o simpático casal que havia conhecido, não tinha conseguido cumprir o que tinha acordado, fiquei triste naquele momento, mas decidi que este "incidente" não ia quebrar a minha vontade. Peguei na minha máquina fotográfica e comecei a «capturar» pessoas que ali estavam na plaza, turistas, militares, crianças, homens, mulheres, namorados, toda a gente que naquele segundo, naquele minuto, àquela hora e naquele dia estavam no Peru em Lima, naquela plaza. Corri os sorrisos dos transeuntes, caminhei as feições das pessoas, senti a alegria das crianças, toquei na liberdade da imaginação dos seres humanos que ali se aglomeravam para tirar fotografias, passear, conversar, namorar ou simplesmente como Eu, escutar a côr de cada Alma e sorrir, na esperança que aquele momento fosse eterno…

Algumas fotografias mais tarde, olhei para um edifício que me pareceu fazer parte do município e reparei que estavam provavelmente a dar uma festa, vi um fotógrafo que percorria a plaza com a sua lente, à procura não sei do quê, procurando não sei quem. Achei interessante aquele momento e em perfeita sintonia focamos os nossos olhares e fotografamo-nos um ao outro, lembro-me dos sorrisos daquele momento, fotografar e ser fotografado, do aceno em jeito de agradecimento, do cumprimento de alguém que não se conhecia e que a dezenas de metros de distância me disse olá, sem dizer uma palavra que fosse, porque uma imagem vale por mil palavras...

A tarde corria longa, quando sou novamente interpelado por um jovem Peruano, queria falar inglês comigo, achava que era importante para a vida profissional dele. Hoje olho este momento com saudade, também ele verdadeiramente mágico… o encontro de duas Almas movidas por destinos diferentes e que se conheceram ali, apenas para falarem inglês, conversar sobre o nada mas na realidade conversar sobre o Tudo. Nesta sociedade em que vivemos, despida de interesses da Alma, subjugada ao materialismo, ainda existem pessoas que Sonham, não em ter, mas sim em sentir e este era o caso do meu recente conhecido Peruano, naquela hora que falamos contou-me a vida dele, as dificuldades de quem tem de arranjar dinheiro para comer, como vivia, como queria aprender o Inglês para ir para os Estados Unidos e ter uma vida melhor, as suas namoradas, enfim, os seus Sonhos, Sonhos de alguém de Alma maior que a vida que actualmente tem. Depois dessa hora de conversa pedi-lhe se podia tirar uma fotografia, ao que ele acedeu prontamente e assim depois de conversarmos sobre o Tudo, cada um seguiu o seu caminho em direcção às suas vidas.

O tarde estava a chegar ao fim e levado pela fome resolvi ir comer num restaurante perto da plaza, algo que confortasse a minha barriga depois daquela tarde movimentada. Depois de jantar era altura de regressar ao Hotel, isto porque o dia seguinte começaria cedo e queria descansar. Procurei um táxi que me parecesse seguro e fui em direcção ao Hotel, cerca de 1 hora de caminho isto porque àquela hora da noite o trânsito é caótico, podemos pensar nos Italianos e multiplicar por mil e mesmo assim ainda achamos que nada pode ser mais desorganizado.


Seis da manhã levantei-me revigorado por um sono profundo e descansado. Chegava finalmente o dia que esperava, achei melhor dirigir-me para o terminal das camionetas no táxi do hotel, não queria perder tempo e muito menos estar preocupado se chegaria ao local de destino. O Senhor do táxi era hilariante perguntou-me se estava sozinho e porque é que estava sozinho, tentou-me convencer quando regressasse a Lima a ir a um dos diversos clubes nocturnos que existem na noite de Lima, obviamente repletos de mulheres atraentes e em que a diversão é abundante, deu-me inclusivé um cartão dele que estava associado a um clube, declinei a oferta educadamente e chegado ao terminal agradeci a gentileza e apressei-me para a camioneta.


Era a hora finalmente de começar a Viagem, hora de sair de qualquer resto de «conforto» que poderia ter em Lima, hora de partir para o desconhecido...



João


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias de Uma Viagem ao Peru
























Introdução


Esperei algum tempo para falar sobre a minha viagem ao Peru, queria poder reflectir e amadurecer os eventos que senti, tendo uma perspectiva mais distante e realista da viagem que fiz. Espero retratar memórias de uma viagem marcante a todos os níveis e recordar de forma pormenorizada os dias vividos naquela parte do Mundo. Quero um dia bem distante de o de hoje, lembrar-me do Peru e voltar a sentir a mesma profunda alegria, sorrir da mesma forma apaixonada e com o mesmo brilho nos olhos, que vivi no Peru.


Hoje, olhando para trás sinto que algo mudou, algo mudou para sempre...


João

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

É Urgente...

















É urgente o Amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as seara,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o Amor,
É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade