domingo, 29 de março de 2009

Amostra sem valor






















Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão

8 ou 80
























Fui à janela e vi o Sol, encheu-me a alma. Decidi ir fotografar, sinto que logo à tarde, a Luz de Lisboa (que apenas habita a realidade da nossa mágica cidade) me vai contar histórias de encantar. Vou «agarrar» imagens, vou «roubar» momentos congelados no tempo, vou ser Feliz.

Não escrevo sobre mim, mas hoje acordei com essa vontade. Será uma excepcionalidade, neste meu pequeno «Passeio dos Sonhos».
Resolvi escrever ao som de música, ritual que não dispenso quando descobri que gosto de escrever, de navegar pelos meus pensamentos. Escolhi Yann Tiersen, conheci-o quando vi o filme " O Fabuloso Destino de Amelie Poulain", foi Amor à primeira vista.

Sou por vezes "criticado" pela forma intensa, apaixonada como me entrego à Vida, às coisas/pessoas que gosto. Não concebo Viver de outra forma. Dizem-me que devia dosear as minhas verbalizações, a forma como me entrego. A maioria das pessoas não estão preparadas para lidar com alguém como eu, dizem. Interrogo-me nesta afirmação, até porque quero ao pé de mim pessoas excepcionais, incríveis. Como é possível viverem, contidos, com medo, viver num mundo de duplos significados, em que o sim é não e o não é sim. Vivem com medo de Sentir, de se magoar, com medo de cair. Na realidade vivem com medo de serem Felizes, porque o "Sofrimento" e a Felicidade andam lado a lado na Vida. Como dar valor a algo, se não pudermos comparar?

Digo o que sinto e as minhas acções são o reflexo disso mesmo, não faço fretes, nem quero que os façam comigo. Gosto de transparência, que me digam as coisas mais belas do mundo e também as coisas mais terríveis caso o seja necessário, sem receios, nem medos, com a atitude de quem diz o que sente e sente o que diz.
As palavras devem ser um prolongamento das nossas acções, uma materialização verbal do que fizemos ou faremos. Quando elas não se encontram, então há algo que não está bem. Na minha curta experiência de vida, digo que não devemos perder tempo com este tipo de atitude, é simplesmente uma perda de energia que poderia estar a ser canalizada para algo muito mais interessante.

Não sou de cinzentos, não viajo pela Vida como o equilibrista que atravessa o arame, que não cai e que se cair tem a segurança da rede. Tomo opções, boas ou más, tomo-as, já errei, já acertei, Vivo. Já caí algumas vezes, custa, é díficil, mas permite-me ficar cada vez mais perto dos meus Sonhos, queda após queda. Não desisto nem que tenha de cair um milhão de vezes e de me levantar outras tantas vezes. Lutarei contra o Mundo, com e sem Moinhos de Vento, Luto de peito aberto. Os meus Sonhos? a minha espada...

Não abdico das minhas convicções. Não abdico do que Sou..

Sou,
8 ou 80
Tudo ou Nada
Preto ou Branco
Amigo ou Inimigo
Viver ou Morrer

Não tenho meio termo, sou assim...
Estou Certo ou Errado, é Bom ou é Mau? O futuro o dirá...


João

P.S: João adorei ler na Visão que estás «largado ao Vento», tens razão é profundamente poético, é algo de tão bonito que me vieram as lágrimas aos olhos.
Abraço com Saudade

quinta-feira, 12 de março de 2009

Há Dias...















Fugi de ti,
Ilusão de mim

Luto,
Oiço-te

Metamorfose
Encantada

Nada,
Até

Nunca...


João

Momentos Inimaginavelmente Belos

















Tenho para mim que as coisas importantes na Vida, são Inimaginavelmente Belas. A importância das coisas e tão maior quanto a sua intensidade, raridade, significado.
O Inimaginavelmente Belo (digo Belo não num sentido estético) é raro, e é raro para que o possamos distinguir de tudo o resto que acontece na nossa Vida e que é de alguma forma banal, e não tem o significado de um Sonho, de uma excepcionalidade, da percepção que temos quando de facto estamos perante um momento único.

Que diríamos de uma sonata para piano, de Chopin, se todos pudéssemos compor de forma tão sublime. Que diríamos de um Guernica (Picasso) ou de um O Beijo (Gustav Klimt), se todos tivessemos o dom de pintar. Que diríamos do Romeu e Giulietta (Shakespeare) se todos pudéssemos escrever. Que diríamos do Amor da nossa Vida, se cada pessoa que cruza o nosso caminho, fosse também ela o Amor da nossa Vida...

A raridade tem também uma explicação científica, mais concretamente através da estatística, e pode ser explicada através dos axiomas da probabilidade. Explicando de forma muito simples: se é raro, a sua possibilidade de ocorrência é menor. Esta regra matemática não deixa de ser cruel, em muitos casos, há pessoas que se calhar nunca vão poder sentir um Momento destes.

Por vezes vivemos tão ansiosos por esses Momentos Inimaginavelmente Belos, que nos esquecemos de estar preparados para eles, quando eles realmente nos batem à porta. Como poderemos sentir a verdadeira dimensão de algo tão profundo, se estamos muitas vezes direccionados para as tais banalidades, que a Vida e mais concretamente a Sociedade faz o "favor" de nos apresentar no nosso dia a dia. Por vezes custa muito manter a perspectiva deste Ideal, porque somos pressionados a viver como máquinas, como seres não pensantes, programados para não sentir, para não Viver, puxados para uma sobrevivência material. Eu digo Sentir em vez da dormência que nos querem impor, eu digo Emoções em vez do ter , eu digo rir, chorar, sonhar, celebrar, errar, Eu digo Viver e não sobreviver...


Existe uma frase do Fernando Pessoa que gosto particularmente: "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"

Podemos ser pessoas orientadas à raridade ou a banalidade, mas isso é uma escolha de cada um de nós, que não deve, nem pode ser criticada, porque se trata de uma opção e cada indivíduo deve ter a liberdade de, poder escolher o seu próprio caminho.

Eu escolhi o caminho do Inimaginavelmente Belo e tu?


João

quinta-feira, 5 de março de 2009

Palavras de Vento

























Palavras Invisíveis,
Lutam em Silêncio,
Silêncio que não se apaga

E que Vive para sempre...


João

domingo, 1 de março de 2009

E por Vezes...

























E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.


David Mourão Ferreira