domingo, 24 de outubro de 2010

Uma Vida

















Vi uma Vida,
num instante de momento.

João

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Olhar
























Procurei...
No teu Olhar, o meu.

João

domingo, 10 de outubro de 2010

Uma Breve estória de Pedro e Inês



















Estamos em meados do século XX, em Paris. É na cidade Luz que vivem os personagens desta breve estória.

Inês é uma mulher na casa dos trinta e poucos anos e que transparece no seu semblante uma alegria contagiante. Embora não saibamos muita coisa sobre Inês, vamos confiar nas impressões de Pedro, que assim que viu Inês ficou profundamente encantado. Lembra-se perfeitamente desse dia, era Fevereiro, dia nove para ser exacto. Pedro sobe umas escadas e encontra Inês, ela não o vê, está em pé, tem pele morena e cabelos dourados, que iluminam todo aquele corredor, são raios de sol pensou. Percebe-se que Inês é uma mulher moderna, veste-se com um casaco escuro cintado e de gola, uma mala grande, e um look muito coquette. Pedro observa as mãos (para Pedro as Mãos de uma Mulher refletem a sua Alma) de Inês, tem mãos de pianista. Aqueles segundos foram o suficiente para Pedro achar que estava perante uma Mulher extraordinária, achou-a doce, meiga, maravilhosa e suspirou, baixinho. Já voltaremos a este momento, quando chegar a altura de contar os factos da nossa estória.

Pedro está também na casa dos trinta anos, embora tenha um ar de miúdo, usa barba para dar um ar mais velho, a maioria das pessoas dá-lhe alguns anos a menos. Pedro é um pintor desconhecido, que passeia na sociedade Parisiense incógnito aos olhos de todos os outros artistas. O seu trabalho é intenso e reflecte a sua forma de estar na Vida. Tem amigos muito interessantes como Picasso, Dali e sente-se um privilegiado por privar com estas pessoas, fazem-no crescer e verdadeiramente Sonhar. Como qualquer artista é um Sonhador, pode-se dizer mesmo que vive no mundo da Lua, acredita em estórias de Principes e Princesas, tem o livro o Romeu e Julieta sempre ao pé da cabeceira, confia no seu instinto e é o que podemos chamar uma pessoa de primeiras impressões. Os Sonhos são o seu tema preferido.
Pedro tem algumas características que lhe são muito particulares: não dá confiança às pessoas que não conhece, passando algumas vezes por arrogante, tem dificuldade em aproximar-se das pessoas, é ingénuo, sensível, acredita profundamente no ser humano e principalmente no que as pessoas lhe dizem, é introvertido (fecha-se muito em relação que lhe vai na Alma), mas consegue ser muito sociável e é um idealista convicto. Como qualquer ser humano tem defeitos: teimoso, impulsivo, orgulhoso, vive em permanente luta interna enter o seu lado emocional e o seu lado racional, agindo muitas vezes sem pensar. Digamos que não tem uma personalidade fácil, mas tem bom coração e quer sobretudo que todas as pessoas sejam Felizes e possam evoluir como seres humanos.

Pedro é moreno e podemos dizer que é atraente aos olhos do sexo feminino, tendo uma relação muito próxima com as mulheres. Pedro é aquele tipo de homem que gosta da companhia das mulheres, gosta de as tentar perceber, embora ache cada vez mais uma tarefa hercúlea. Tem algumas Amigas verdadeiras, tendo um carinho muito especial por todas elas, cada uma com as suas particularidades, cada uma fascinante à sua maneira. Sente verdadeiramente «Amor» por elas, um Amor especial sem atracção física e que lhe traz grande alegria.
Pedro é um homem marcado por um relacionamento longo, marcado, mas neste caso no bom sentido, pois se não fosse esse relacionamento não estaria hoje aqui, desta forma, Sonhando, procurando aprender a cada instante, a cada segundo, procurando Sentir a Vida. Depois desse período teve uma altura boémia, com relacionamentos fugazes, de índole fisica e que na altura o fizeram sentir Vivo e lhe mostraram emoções novas. Teve mais tarde um outro relacionamento mais pequeno (ano e meio) com uma mulher consideravelmente mais nova, vi-a nela uma esperança de uma dia se tornar uma verdadeira Princesa, algo que nunca acabou por acontecer, pelo menos enquanto tiveram juntos e era criticado pela maioria dos seus amigos e família. Este relacionamento acabou por sucumbir aos desígnios do destino.

Pedro resolveu inscrever-se num curso de teatro e foi aí que conheceu Inês, no tal dia nove de Fevereiro, que iremos retomar. Pedro entra para a sala e vai para o fundo direito da sala, inconscientemente ou não, fica perto de Inês. Nesse dia e depois da aula de introdução do curso vai tomar um chá com o seu amigo Carlos e conta-lhe que tem no curso uma Mulher Maravilhosa. Os dias vão passando no curso e Pedro pensa cada vez mais em Inês, sente-se intrigado por aquela mulher, até o seu cheiro começa a reconhecer. Numa das aulas é pedido aos diversos alunos que façam um ensaio com um colega em que cada um deve assumir a entidade do outro, falando sobre si, era a oportunidade ideal para Pedro saber quem era Inês. Ficou a saber que estava solteira, trabalhava como estilista numa casa de moda muito conceituada, gostava de música, tudo perfeitamente natural em alguém que respirava bom gosto. Ficou também a saber que as suas palavras são repletas de sorrisos. Este exercício teatral, trouxe-lhe esperança, até porque mais tarde foi falado pela turna em combinar jantar, seria a oportunidade ideal para conhecer a doce Inês.
Quis o destino que fosse enviado para casa de cada um dos elementos da turma uma carta e nela vinha a indicação das moradas de cada um dos elementos do curso. Pedro encheu-se de coragem e enviou uma carta a Inês, pedindo desculpas pela invasão que tinha acabado de cometer. A resposta não tardou e os dois começaram a trocar correspondência com alguma regularidade, descobrindo muitas semelhanças dignas de um filme, daqueles em que quem o espectador diz, estas coisas só acontecem no cinema, levando-os a comentarem que truque teria o destino reservado para que as suas duas almas se conhecessem. Descobriram que partilham o mesmo gosto por cinema, Inês conhecia o realizador preferido de Pedro (um realizador que não anda propriamente na boca do mundo, pelo menos para quem vê o cinema como um local de entretenimento puramente visual), viagens, música, descobrem que frequentam os mesmo locais da cidade luz, curiosamente nunca se tinham visto a não ser no tal dia nove de Fevereiro, descobrem que têm o mesmo signo o mesmo ascendente, e que são Almas Sonhadoras. Numa dessas trocas de correspondência combinam um encontro para depois do curso de Teatro.
Foi numa segunda-feira e após o curso, que Inês e Pedro finalmente se «conhecem». Pedro quis mostrar a Inês o seu local preferido de Paris, ao pé do Sacre Couer e com vista sobre a cidade Luz, mas que infelizmente estava fechado, optaram por ir a um local relativamente perto, beber um chá. Foi um encontro em que os segundos voaram, mas ao mesmo tempo o tempo parecia que havia sido congelado, pelo menos para Pedro. A conversa foi óptima, as trocas de sorrisos constantes e a empatia entre ambos, evidente. Inês e Pedro falaram sobre a vida, família, amigos, música, as palavras fluiram sem parar, sem medo de se encontrarem. Pedro leva Inês a casa em seu coche. Inês vive numa das zonas mas bonitas de Paris na Rue Jean Goujon, perto do Sena. Na despedida do encontro eis que acontece o inesperado, Inês beija Pedro, em mais um momento digno de um filme romântico, com direito a pé levantado e tudo. Pedro apanhado de surpresa pede calma a Inês, deslocando-se para casa com o pensamento naquele beijo.

No dia seguinte continuaram a trocar cartas, confidências, sorrisos, digamos o normal quando duas pessoas se estão a conhecer. À tarde e à hora de sempre ambos vão para o curso, no meio da aula é pedido que seja feita uma encenação de um casal que vai ao cinema, Inês e Pedro olham um para o outro e sorriem, mais uma das tais conicidências que haviam falado nas suas trocas de correspondência.
Depois do curso vão ao cinema, escolhem um filme Italiano de um realizador de renome, que não interessa para a nossa estória. O filme corre na tela do cinema, Pedro sente o perfume de Inês e pega-lhe na mão, mãos que deslizaram uma na outra, entrelaçando-se, numa valsa perfeita. Pedro olha Inês e Inês olha Pedro, ambos sorriem. O filme acaba e no seu coche, Pedro leva Inês a casa, hoje não é dia de «beijo», apenas de sorrisos. Na voz do nosso Pedro, «uma noite perfeita».
O sol nasce e Pedro já tem planos para a noite seguinte, resolve enviar um telegrama e pede que Inês esteja pronta às dezasseis horas e que leve roupa quente. Estamos em Março e Paris conseguer ser uma cidade fria nesta altura do ano e a qualquer hora do dia. O dia passa de forma lenta, parece que os segundos têm o dobro do tempo e que a manhã não quer fugir. São dezasseis e à hora marcada, Pedro espera Inês à sua porta, quando chega ao coche Pedro sorri, o seu olhar, o olhar de uma criança, enfeitiçado pela graciosidade de Inês, pela sua simpatia, pelo seu jeito dócil, diria até "infantil". Pedro preparou uma surpresa a Inês, um lanche à beira do Sena, com vista para a Torre Eiffel. Inês não sabe da surpresa e quando percebe finalmente o que se vai passar olha para Pedro e os dois lançam-se nos braços um do outro, beijando-se. A paisagem, simplesmente de Sonho, Paris é uma cidade em que os suspiros voam pelos recantos das ruas, em cada esquina os sussurros dos Amantes, sente-se o perfume dos corpos. A tarde correu para a noite e ambos contemplaram o céu e as estrelas, não se sabe se Inês pediu algum desejo, mas Pedro olhou uma estrela que passava e falou-lhe em voz baixinha, disse-lhe o que sentia. Trocaram um piscar de olho e a estrela seguiu o seu caminho, em direcção à terra dos Sonhos, mas com um pedido na sua cauda brilhante. Entretando a Torre Eiffel ficou iluminada, pelas velas que nesta altura de ano a trajam. Mil e uma luzes centilaram, dançando na voz do vento, foi um momento que trouxe alegria à Alma de Inês e Pedro. Foi uma noite de beijos, olhares e sorrisos. O encontro foi Lindo, repleto de Romantismo, diria poético. Há noites que deviam ser eternas, eternas, como poemas perfeitos, rasgados por palavras imortais que se alongam pelos braços do tempo.
Aquela noite foi especial para Pedro, não sabemos se para Inês também o foi, de igual forma. Pedro sentiu que Inês estava de corpo e alma naquele lugar, naquela tarde, naquela noite.

Chegamos a sexta-feira e Pedro tinha combinado ir jantar com o seu Amigo Carlos, vão jantar ao cartier latin. O Jantar corre bem, como sempre, até porque Carlos um Amigo que Pedro reecontrou recentemente, passou a fazer parte da Vida de Pedro, é uma pessoa fantástica e com um sentido de humor extraordinário. A meio do noite jantar envia um telegrama a Inês dizendo que está a pensar nela, a resposta "longe da vista, perto do coração" encheu de sorrisos o olhar de Pedro. O vinho é presença obrigatória e pode-se dizer que quando saem Pedro está «alegremente» bem disposto. Os dois dirigem-se para montmartre, uma das zonas
neste momento mais boémia da cidade Luz. Pedro e Carlos entraram no cabaret que ultimamente têm frequentado. Pedro não é um boémio, as suas amigas chamam-lhe Cinderela, isto porque normalmente não se perde pela madrugada Parisiense, não quer correr o risco do seu coche se transformar numa abóbara, costuma brincar Pedro. Nesse cabaret estava marcado um encontro, Pedro e Inês haviam combinado se encontrarem nessa noite. Pedro estava nervoso e «alegre», mistura explosiva como se sabe. Inês chega, está deslumbrante, simplesmente um verdadeiro Sonho, Pedro corre para os seus braços com um sorriso de quem está Feliz, de quem tem a Alma bonita, beija Inês, completamente indiferente às pessoas que se encontram no cabaret, não existe mais ninguém apenas os dois (para Pedro). Ambos estão acompanhados dos seus amigos e existe aquele ritual normal de apresentações, as amigas de Pedro fazem elogios sobre Inês, Pedro agradece sorrindo, sorrindo de felicidade. No meio da confusão e com a música como pano de fundo, Pedro faz uma declaração, está apaixonado, segreda baixinho ao ouvido de Inês. Pedro percebe que Inês fica surpreendida e sem reacção, não faz comentários, fica extasiada com o que que lhe foi tinha dito ali, sem qualquer preparação. A partir daquela altura tudo mudaria, embora Pedro só tenha consciência disso mesmo, mais tarde. A noite continuou e Pedro sentiu que Inês estava inconfortável, até os beijos pareciam diferentes. Apenas na despedida Inês pareceu Inês, a Inês que no dia anterior se tinha abraçado a Pedro de forma mágica. A noite acaba e Pedro vai para casa, ao chegar à sua porta, tem um bilhete, era de Inês. Ao ler o bilhete Pedro ficou triste e um pouco surpreso, Inês está assustada e acha que as coisas estão a ser Lindas, mas a avançar depressa demais e de forma intensa, relê várias vezes a carta pela madrugada a dentro. Acorda de hora a hora, não consegue deixar de pensar em Inês, nas suas palavras, revolvendo o significado de cada caracter, de cada frase. Resolve escrever uma carta de resposta, explicando o que se passou na noite anterior. A sua intenção não foi pressionar Inês, de alguma forma, apenas explicar-lhe o que lhe vai na Alma e embora possa parecer assustador, visto se conhecerem à pouco tempo, sentia verdadeiramente as palavras que lhe correm do coração. Pedro concorda que devem ir com calma, até porque foi sempre essa a sua intenção. Numa das cartas Pedro diz a Inês "não vale a pena nos preocuparmos com o dia de amanhã, porque ainda nem se quer vivemos o dia de hoje". As trocas de correspondência foram contínuas, Inês diz a Pedro que não está apaixonada por ele, mas que se sente verdadeiramente encantada, tem vontade de sentir o seu beijo e que o vê como um Amigo Especial algo entre o amigo e o namorado. Não está preparada para um relacionamento e para viver esta situação de forma tão intensa. Inês que sempre Sonhou em encontrar alguém como Pedro, não consegue retribuir da forma que sempre imaginou, tem medo de se apaixonar, foram estas as suas palavras.
Pedro fica também a saber que Inês veio de um relacionamento longo, de cerca de sete anos e que tinham passado oito meses desde a separação, sendo que neste período houve, entretanto, uma racaída. A decisão da separação não foi tomado por Inês. Pedro começa a reflectir, sabe perfeitamente que as mulheres quando são "largadas", ficam bastante afectadas emocionalmente. Normalmente quando relações longas terminam e ainda existem sentimentos é bastante complicado alguém se envolver por inteiro, visto existirem medos, dúvidas, inseguranças. Isto sabe Pedro, por experiência própria.

Pedro pinta a sua primeira tela, inspirado em Inês, é algo forte, diria libertador para Pedro, como um grito da sua Alma. Foi algo que mexeu profudamente com o seu idealismo, com as suas convicções.
Nessa semana havia curso de teatro, como normal. Segunda-feira Inês falta, já tinha avisado Pedro que estaria a trabalhar. Na quarta-feira há encontro no curso, Pedro anda triste, diria mal disposto, Inês já o sentiu e quando percebe que Pedro não vai ao jantar, pergunta-lhe o porquê, responde Pedro, que deixou de fazer sentido e que preferiu ir a um outro jantar. O jantar correu bem, mas o seu pensamento está distante, longe do local onde se encontra, na realidade está ansioso para que o dia chegue ao fim, ir para casa, deitar-se, ouvir as suas sonatas de piano, ritual que não dispensa antes de dormir. Ao som do Piano as suas emoções voam para a Terra dos Sonhos, tal como aquela estrela a quem Pedro pediu um desejo.
As trocas de cartas continuam e Inês propõe a Pedro um relacionamento sem expectativas, algo de especial. Pedro acha que o assunto deve ser tratado pessoalmente e ficam de combinar um encontro. Esse encontro seria um jantar num domingo à noite. O jantar realizou-se no restaurante preferido de Pedro. A noite foi agradável, como as restantes que se passaram entre os dois, sorrisos, conversas, as tais coincidências. São inúmeras as vezes em que os dois dizem a mesma coisa, ao mesmo tempo, como se os seus corações tivessem em sintonia, como se os pensamentos fossem um só. Combinaram irem com calma e se conhecerem.
Pedro leva Inês a casa, vira a cara propositadamente para que não haja a mínima hipótese de beijo, Inês percebe, comenta , conversam, outra despedida, mas o beijo continua ausente.
Nos dias seguintes apenas uma troca de cartas. Nessa carta Inês reforça a questão da amizade especial e envia um beijo especial. Pedro olha a carta e pensa no que se tinha passado ainda no Domingo, impulsivamente resolve responder a Inês, diz -lhe que é melhor acabarem com os programas e que se perderam no tempo, Inês aceita a decisão, que Pedro não queria realmente tomar. Nos dias seguintes, não há trocas de correspondência, Pedro obriga-se a nada dizer a Inês, apenas a saudade. No curso apenas cumprimentos educados, nada mais.

Pedro resolve começar um novo trabalho sobre Inês. É um painel, cada painel conta um segredo, cada painel traz um mistério, será o seu último trabalho sobre Inês e aquele que irá ficar para sempre guardado na caixinha das recordações.

É transparente para os leitores os sentimentos de Pedro por Inês, quanto a Inês e por razões próprias, travou a progressão do "relacionamento". Se avaliarmos os acontecimentos, percebemos que ambos os personagens estão em fases diferentes da vida, mas existe uma verdade universal que não pode, nem deve ser esquecida, quando se gosta verdadeiramente de uma pessoa, não existem "desculpas", argumentos, que impeçam de querer perceber quem está à nossa frente, essa é uma verdade absoluta. Quando estamos em frente a uma pessoa, que nos encanta de forma única, temos aquela vontade secreta, de saber se aquela pessoa, é a tal. Podem alguns leitores dizer que Inês, não sabe o que quer, que está a atravessar uma fase da vida complicada, que poderá estar eventualmente confusa, mas a verdade, a verdadeira verdade é que Inês não está, como ela própria disse, apaixonada por Pedro e isso é simplesmente tudo.

Entretanto Pedro recupera o seu brilho, o seu sorriso. Um Poeta amigo uma vez disse a Pedro, "aquilo que não controlamos, não temos que nos preocupar, não é uma Felicidade".
De Inês pouco se sabe, apenas que sobrevive. As cartas desaparecem, o afastamento é evidente. Inês deixou de escrever a Pedro, apenas o silêncio, sem saudade.

Pedro desloca-se ao local do lanche, junto ao Sena, à noite e dentro de uma garrafa enrola o último painel do seu trabalho sobre Inês. Na tela está representado o final desta estória, a acompanhar a tela vai a morada de Inês. É este o nosso fim, acaba onde tudo começou, sob o olhar das Estrelas.

Fim

Pedro Villar

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lá do Alto, bem Alto...

















Hoje… acordei no alto de uma Montanha,

Lá do alto, bem do alto,
vejo o tecto do mundo que me chama com palavras taciturnas,
dançam por escarpas geladas num caos de perfeição,
Sonho…

lá do alto, bem do alto,
vejo estrelas que se perdem de vista , correm pelos céus devagar, esperando.

lá do alto, bem do alto,
vejo os riachos, os rios e o mar, apressados, suspiram rumo à liberdade difusa.

lá do alto, bem do alto,
vejo as pedras, os calhaus e os pedregulhos, cansados, gastos por um tempo que não quer passar, impotentes ao caminhar.

lá do alto, bem do alto,
vejo as ruas e os becos, as avenidas e as ruelas,
vejo almas sozinhas que no meio da multidão procuram o conforto à solidão,
vejo corpos nus desprovidos de qualquer sentir que em desacerto se unem, vazios no tempo.

Estou sentado...
ladeado de montanhas infinitas, procuro-as com o meu olhar, estendo-lhes a mão,
Sorriem!

Li à Montanha um poema, escutou-me... Chamo as Nuvens que em passo ligeiro e trazidas pela ventania, depressa se juntam para me escutar. Veio também o Sol, raiando todo o seu esplendor. Comecei a ler o poema que se impunha: das Nuvens caíram lágrimas, do Sol mil cores de encantar.

e por fim,
ri, gritei , chorei, abraçei o Mundo...

fui,

Livre...


João