terça-feira, 1 de dezembro de 2009

XX














Ontem vi-te numa rua de Lisboa, seguias em passo apressado rumo a uma cave qualquer que te ocupava o pensamento, escondi-me na tua sombra e segui a tua Alma. Foste ouvir um Poeta, foste escutar emoções… Olhei-te de longe pelos recantos, as palavras fugiam por entre as paredes daquela cave, ecoando pelo âmago dos presentes na esperança de poder penetrar o Eu mais profundo de cada um dos que ali estavam e Tu imóvel, como que estarrecido pelo que escutavas, ficaste apenas, escutaste, estiveste, sentiste o sabor das palavras que traziam melancolia, tristeza, mas também esperança, tocou-te a força da sobrevivência e a atracção da morte. As estrofes conversavam entre elas e contigo também, perguntavam-te quem eras e tu escondido na caverna do silêncio, imóvel, nada disseste, ficaste apenas, escutaste, estiveste,

Vi-te a olhar o Poeta com jeito de admiração, acho que foi a única emoção que te vi, o teu olhar é agora insondável, os olhos? poço negro, bacilento, escuro que reflecte apenas o nada, ainda assim olhei melhor e o nada estava lá, tentei-te agarrar e talvez tenhas fugido ou provavelmente nem estavas lá. És sombra que foge do sol que derrete com o simples reflexo de luz, na caverna do silêncio imóvel, nada disseste, ficaste apenas, escutaste, estiveste.

Viste as lágrimas do Poeta, o limpar do canto do olho, já o tinhas visto antes num outro dia que às vezes não te recordas e aí nesse preciso momento, olhando para a tua sombra, vi a tua metamorfose, da crisálida não nasceu uma borboleta mas sim um lobo, que anseia a liberdade das montanhas. Não tens asas e as cores não pintam a tua Alma , és cinzento e o teu olhar é

penetrante e frio, anseias abraçar as montanhas geladas do Annapurna, porque todo o ser humano se devia pôr a prova pelo menos uma vez na Vida, voltando assim à sua essência. Depressa te voltei a perder e tu ali escondido na caverna do silêncio imóvel, nada disseste, ficaste apenas, escutaste, estiveste.

E de repente os poemas abandonaram a cave e vi-te partir, fugiste com eles numa simbiose perfeita, partiste em solidão ou como te escutei um dia, naquela «solidão» que tanto gostas. Desceste a rua e o reflexo do lobo, acompanhou-te, também ele descia a rua, era gigante e num uivo silencioso de felicidade contou-me um segredo, quer partir rumo à liberdade, à beleza dos sentimentos, à verdade incorruptível da essência humana.


Por fim, compreendi que apesar de cinzento e frio, o lobo é por definição a Vida e que escondido no nada está verdadeiramente o Tudo.


Quanto a Ti, escondido na caverna do silêncio, imóvel, nada disseste, ficaste apenas, escutaste, estiveste…



João


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Memórias de Uma Viagem ao Peru

















Capítulo I- Chegada a Lima.


Parti para o Peru no dia 16 de Junho, foi uma viagem cansativa marcada por dois vôos: Lisboa/Madrid e Madrid/Lima, 13 horas de avião num espaço exíguo e bastante desconfortante. Aproveitei para começar as minhas leituras e a escolha recaíu inevitavelmente sobre o Into te wild (estava ansioso por o começar a ler), à medida que o tempo passava fui devorando as páginas do livro até chegar àquele momento em que me disse a mim mesmo,"calma, por este andar terminas de ler o livro rapidamente" e sorri. Resolvi depois olhar para o meu plano de viagem, escrevi num papel o que queria ver e uma previsão do tempo que iria estar em cada local, bem como, o tempo previsto para as viagens de autocarro que teria de fazer:

Lima (dia 17),

Pisco e Ilhas Balestras (manhã de dia 18) e viagem à tarde para Nazca,

Linhas de Nazca (manhã de dia 19) voar sobre as linhas da parte da manhã e ir de autocarro para Cuzco à tarde (9 horas de caminho)

Chegar a Cuzco dia 20 e visitar o Vale sagrado, Águas Calientes Matcchu Pitchu- ( 6 dias), desde dia 20 a 26

Partir para Puno dia 27 (6 horas de caminho), e visistar as Ilhas Flutuantes e Lago Titikaka- (3 dias)

Voltar para Lima (de avião) dia 1 e partida para Madrid-Lisboa dia 2


Olhei para o meu plano e para o Guia Lonely Planet sobre o Peru e senti-me confiante, podia finalmente adormecer ao som das músicas que levei no mp3, para me reconfortar em momentos de maior solidão.

Cheguei a Lima perto das 18 horas locais. Lima era o único local em que tinha marcado alojamento, isto porque chegar a um continente desconhecido e a um país que pouco ou nada sabia, além da leitura do Lonely Planet e conversas com pessoas que conhecem o Peru, tem realmente os seus inconvenientes.

Quando aterrei em Lima tinha à minha espera o transfer do Hotel. Fiquei a saber poucos dias antes da viagem que viajar de táxi na capital Peruana era algo perigoso, sendo frequentes os roubos e raptos de turistas mais incautos e aventureiros. A viagem entre o aeroporto e Hotel demorou cerca de 1 hora, durante o caminho fui-me mentalizando que estava em Lima, a milhares de quilómetros de casa, sozinho e cheio de vontade de cumprir com tudo o que que me tinha proposto a fazer nesta viagem. Fui percorrendo a paisagem com um olhar, atento e de admiração. O senhor do Hotel não era muito conversador, mas tentei fazer alguma conversa e expliquei-lhe de onde vinha e porque vinha para o Peru. Ao passar por uma estrada paralela ao mar lembro-me de lhe dizer, boas ondas, fazem por aqui surf? ao que o senhor me respondeu que ali nem pensar porque há muita poluição, mas que mais a norte o surf é um local privilegiado para a prática deste desporto e relativamente popular.

Lima é uma cidade à beira mar plantada e dividida por distritos, cerca de 50, sua população contando com a periferia ronda os 14 milhões de habitantes e pelo que me informei não tinha muito para ver. O Hotel onde fiquei fica no distrito de Miraflores que é considerada uma área turística e relativamente segura para os standards da cidade. Cheguei bastante cansado ao Hotel, com energias apenas para tomar um banho e deitar-me, adormeci envolto nos desejos que fiz para esta viagem e com um sorriso na Alma.



Acordei eram 8 horas, cheio de vontade de iniciar a minha visita à capital Peruana. Saí do hotel e estabeleci um plano, ir para a zona histórica da cidade, o mesmo é dizer, ir para a plaza de armas. Vim a constatar mais tarde que é o centro de qualquer lugarejo naquela parte do mundo. Resolvi de mochila às costas por-me a caminho, não sei se era por estar num ambiente completamente novo ou se é mesmo defeito meu, olhava para ruas e para o mapa e pensava, não faço a mínima ideia onde estou. Depois de algumas voltas a pé, resolvi no meu Espanhol arcaico perguntar como podia fazer, para ir para a plaza de armas, dirigi-me a uma senhora de uma loja e posso dizer que ainda hoje estou para perceber o que me disseram, fiz nova tentativa e lá entendi que tinha de apanhar uma série de autocarros, para chegar ao centro.

Quando da minha saída do hotel, fui convidado a apanhar logo ali o serviço táxi que tinham, ao que educadamente recusei por querer de autocarro me misturar com os locais, mas como não me estava a sair muito bem, voltei atrás e disse ao senhor para me levar para o centro de Lima. A viagem foi interessante, o condutor era diferente do que me tinha levado no dia anterior do aeroporto até ao hotel e estava muito interessado em saber o que queria fazer e de onde era, foi um ápice até me querer vender a ideia de um tour guiado pela cidade, também me disse que era perigoso andar de táxi na cidade. Claro que não queria fazer um tour de táxi pela cidade, mas achei melhor lhe dizer que ia pensar e depois lhe dizia alguma coisa.

Chegado a plaza de armas tentei perceber o que queria fazer, sim, porque até àquele momento a minha cabeça era um turbilhão de ideias e de vontades. Decidi procurar um daquelas gabinetes turísticos que sabia que existiam naquela zona, tive mais uma vez de lidar com a minha inaptidão para me posicionar nos mapas, normalmente e por experiências anteriores é coisa para durar cerca de quinze minutos. Localizei-me e fui então ao apoio turístico, queria também aproveitar para perceber como é que poderia sair de Lima e de que forma, visto que na manhã seguinte iria para Pisco. Fui atendido por uma rapariga muito simpática que me deu as informações que desejava, fez-me também um aviso "atenção à máquina fotográfica", agradeci o aviso e com as indicações gravadas em papel, pus-me a caminho. Era tempo de iniciar finalmente a visita a Lima, vagueei durante algum tempo pelas ruas e ruelas de Lima e sentindo segurança que nunca chegarei a perceber se era meramente aparente, comecei a fotografar: pessoas, edifícios e aquilo que é uma das minhas preferências, janelas, acho que cada janela conta uma estória, se a pudermos guardar num instante, essa estória será eterna. Decidi ir a pé até ao local que a funcionária do turismo me disse e comprar o bilhete para Pisco, à medida que ia saindo da zona central, as ruas iam-se degradando bem como o pavimento da estrada, muitas das vezes o alcatrão foi substituído pela própria terra, havendo canalização à vista, um caos, só me lembrava daqueles filmes sobre a América Latina onde tudo é sujo, porco e sem qualquer tipo de cuidados. Cheguei à avenida Abancay e de repente vejo um Polícia a gesticular na minha direcção, tentei perceber o que ele me dizia, nesta altura ainda sofria com o espanhol, não sei se é por não gostar do espanhol ou se pela minha recente aprendizagem do Italiano, confesso que foi um pouco difícil, mas lá nos entendemos. Primeiro fui mais uma vez alertado para o facto de ser aconselhável guardar a máquina, ainda por cima estava numa das zonas mais perigosas da cidade e onde os assaltos são frequentes. Já de máquina na mala o Polícia perguntou-me de onde era, o que fazia, qual o alcance da lente, quanto custava, etc. Depois de responder às questões do Polícia, disse-lhe que queria comprar um bilhete de autocarro para Pisco e que estava à procura das agências que me tinham sido indicadas pelo apoio turístico, o polícia prontamente se ofereceu para me ajudar e muito simpaticamente disse-me que ia me arranjar uma táxi para me levar à companhia transportadora. Íamos calmamente no nosso caminho quando sou pela primeira vez confrontado com os problemas políticos do Peru e neste caso uma «bela» de uma manifestação dos Índios Peruanos contra o poder instalado do governo Peruano. O Polícia explicou-me que os Índios estão contra a expropriação das suas terras que estão ao abrigo da lei das reservas, para as entregarem a Multinacionais com o propósito da exploração da riqueza mineral do Peru. Fiquei a saber que recentemente tinham morrido mais de 40 índios numa manifestação e que realmente se tratava de um problema grave e vivido de forma intensa por ambas as partes. Foi realmente uma experiência que nunca irei esquecer, ver as pessoas «desfilando» pelas ruas, de bandeiras desfraldadas, gritando, protestando e reivindicando os seus direitos, era a marcha de quem tem pouco para comer, que vive como vim a constatar mais tarde, com um quase nada mas que nada realidade para aquele povo é um quase tudo. Escusado será dizer que fiquei em êxtase com esta situação, viver algo de tão forte no primeiro dia, foi realmente especial! Uma espécie de 25 de Abril…


Já se sabe que quando estas Multinacionais vão para estes Países subdesenvolvidos, exploram as suas gentes e riquezas. Por norma as democracias na América Latina são profundamente instáveis, corruptas e com deficiente legislação, são um paraíso para companhias sem escrúpulos, ávidas do lucro fácil e sem o mínimo de preocupações pelas gentes dos locais onde se instalam.

Sou a favor da entrada de capitais estrangeiros nas economias, alavancando o desenvolvimento e funcionando como uma locomotiva do bem estar social, proporcionando melhores condições de vida a todos intervenientes, mas neste caso em particular, parece-me que estamos a falar de mais um caso tradicional de exploração dos recursos de um País, sem agregar valor à economia local e muito menos às pessoas que vivem naquelas zonas do Peru.


De volta ao meu caminho com o Polícia, chegámos ao local que o mesmo elegeu ser o óptimo para me arranjar um táxi e embora passassem dezenas de táxis, o polícia parecia estar à espera de um táxi qualquer em particular que parecia não querer chegar. Por fim e depois de 5 minutos de espera e muitos táxis mais tarde, lá apareceu aquele que achou ser o certo para a minha pessoa. Entrei no carro e agradeci com um sorriso ao Polícia, que num espanhol que não percebi muito bem lá deu indicações ao taxista. Éramos quatro pessoas no automóvel, parece que o colectivismo é muito apreciado naquela parte do mundo e lá fui na companhia daquelas pessoas que nunca tinha visto, nem sabia para onde iam, percorrendo avenidas que não sabia o nome, na esperança que o polícia não pertencesse a nenhuma quadrilha organizada para raptar turistas e que o meu destino fosse realmente a companhia dos autocarros. Passados 10 minutos cheguei ao local desejado, são e salvo e muito aliviado, dirigi-me a tal companhia e comprei o bilhete para Pisco às 7h40 do dia seguinte. Fiz o trajecto de volta para a plaza de armas a pé, pensei que seria bonito ver melhor a cidade e capturar momentos na minha máquina fotográfica.

Já na plaza de armas decidi que queria ver os restos mortais do famoso Francisco Pizarro, Conquistador e Explorador Espanhol que no século dezasseis perseguiu a civilização Inca. Falando um pouco desta plaza, deve ser das poucas coisas bonitas que vi em Lima, limpa, florida, com uma fonte ao centro, parecida à nossa fonte do Rossio, ladeada por edifícios realmente muito bonitos, como é por exemplo o Palácio do Governo. Além das particularidades arquitectónicas da plaza houve também algo que me chamou à atenção, que foi o contigente militar que rodeava a plaza, penso que tinha a ver com as manifestações e foi realmente inesperado ver militares de armas em punho e de escudos, no meio de turistas e população local.

Fui tirando fotografias e de repente sou interpelado por um casal jovem de Peruamos, que me viu de máquina em punho e meteu conversa comigo. Perguntaram-me de onde era e quando respondi de Portugal, a simpática rapariga falou-me logo no Cristiano Ronaldo (até no Peru o nosso futebolista é conhecido). Fomos conversando e fiquei a saber que ele conhecia a Madeira e Lisboa, foi também muito agradável perceber que falavam vários idiomas: Espanhol, Francês, Italiano e Inglês. Aproveitei para treinar o meu recente e rudimentar Italiano. Como é da prache, perguntei o que eles me aconselhavam a visitar e disse-lhes que ia ver os restos do Pizarro à Catedral, aprovaram e ofereceram-se para me acompanhar a umas catacumbas que existem ali por perto e que são interessantes, segundo eles. Combinamos então que eu ia ver as catacumbas, depois a catedral e que por volta das dezasseis horas, nos voltariamos a encontrar na plaza. Cheguei à entrada das catacumbas e deparei-me com uma pequena praça, uma igreja e com centenas de pombos a voar em todas as direcções, guardei aquele momento único na máquina fotográfica e clique atrás de clique fui-me deixando hipnotizar pelo bailado dos pombos. Tirei várias dezenas de fotos e hoje olhando para trás e para as fotografias que tirei, posso eleger uma dessas fotos como a fotografia da viagem, uma fotografia inspiradora que é um hino à liberdade. Entretando queria tirar uma daquelas fotografias de aves, voando em todas as direcções possíveis e imaginárias, quando um rapaz que percebi não ser Peruano se ofereceu para dar milho aos pombos, para que eu fizesse a tal fotografia que procurava, agradeci amavelmente e depois de tirar a tal foto começamos a falar, o rapaz era Francês viajava pelo mundo, vivia da venda de artesanato que aprendeu a fazer e também partilhava o gosto pela fotografia, continuamos a falar durante breves minutos e depois cada um foi à sua vida. Olhei para o relógio e vi que estava muito atrasado porque tinha combinado me encontrar com o tal casal perto das 16h00 e não tinha visto as catacumbas e queria ainda ver a Catedral. Optei por deixar as catacumbas, lembrei-me de umas que tinha visitado o ano anterior perto de Roma) para outra viagem e decidir ir ver o Pizarro.

A visita correu dentro da normalidade de quem visita uma catedral, vi os restos mortais do Senhor "Conquistador" dentro de uma urna, mas houve uma coisa que me fascinou, tratava-se de uma visita com guia e fiquei realmente tocado com a fé cristã daquele homem, nunca irei esquecer o olhar intenso, os gestos crentes, as palavras puras, de uma alma que acredita que algo superior guia as nossas vidas e que tudo nesta nossa vida obedece a uma ordem divina, que ele não questionava, aceitando a natureza das coisas, os desígnios do seu Destino, como uma missão que Deus lhe deu. Fui conquistado não pelo "Conquistador", mas sim, pela bondade e pureza daquele Homem que estava à minha frente, ainda hoje me lembro das suas feições, marcadas pela passagem do tempo, lembro-me das pausas do seu discurso, lembro-me das suas palavras, lembro-me da sua bondade...

Saí da catedral perto das 17 horas, olhei em ao redor da plaza e não encontrei o simpático casal que havia conhecido, não tinha conseguido cumprir o que tinha acordado, fiquei triste naquele momento, mas decidi que este "incidente" não ia quebrar a minha vontade. Peguei na minha máquina fotográfica e comecei a «capturar» pessoas que ali estavam na plaza, turistas, militares, crianças, homens, mulheres, namorados, toda a gente que naquele segundo, naquele minuto, àquela hora e naquele dia estavam no Peru em Lima, naquela plaza. Corri os sorrisos dos transeuntes, caminhei as feições das pessoas, senti a alegria das crianças, toquei na liberdade da imaginação dos seres humanos que ali se aglomeravam para tirar fotografias, passear, conversar, namorar ou simplesmente como Eu, escutar a côr de cada Alma e sorrir, na esperança que aquele momento fosse eterno…

Algumas fotografias mais tarde, olhei para um edifício que me pareceu fazer parte do município e reparei que estavam provavelmente a dar uma festa, vi um fotógrafo que percorria a plaza com a sua lente, à procura não sei do quê, procurando não sei quem. Achei interessante aquele momento e em perfeita sintonia focamos os nossos olhares e fotografamo-nos um ao outro, lembro-me dos sorrisos daquele momento, fotografar e ser fotografado, do aceno em jeito de agradecimento, do cumprimento de alguém que não se conhecia e que a dezenas de metros de distância me disse olá, sem dizer uma palavra que fosse, porque uma imagem vale por mil palavras...

A tarde corria longa, quando sou novamente interpelado por um jovem Peruano, queria falar inglês comigo, achava que era importante para a vida profissional dele. Hoje olho este momento com saudade, também ele verdadeiramente mágico… o encontro de duas Almas movidas por destinos diferentes e que se conheceram ali, apenas para falarem inglês, conversar sobre o nada mas na realidade conversar sobre o Tudo. Nesta sociedade em que vivemos, despida de interesses da Alma, subjugada ao materialismo, ainda existem pessoas que Sonham, não em ter, mas sim em sentir e este era o caso do meu recente conhecido Peruano, naquela hora que falamos contou-me a vida dele, as dificuldades de quem tem de arranjar dinheiro para comer, como vivia, como queria aprender o Inglês para ir para os Estados Unidos e ter uma vida melhor, as suas namoradas, enfim, os seus Sonhos, Sonhos de alguém de Alma maior que a vida que actualmente tem. Depois dessa hora de conversa pedi-lhe se podia tirar uma fotografia, ao que ele acedeu prontamente e assim depois de conversarmos sobre o Tudo, cada um seguiu o seu caminho em direcção às suas vidas.

O tarde estava a chegar ao fim e levado pela fome resolvi ir comer num restaurante perto da plaza, algo que confortasse a minha barriga depois daquela tarde movimentada. Depois de jantar era altura de regressar ao Hotel, isto porque o dia seguinte começaria cedo e queria descansar. Procurei um táxi que me parecesse seguro e fui em direcção ao Hotel, cerca de 1 hora de caminho isto porque àquela hora da noite o trânsito é caótico, podemos pensar nos Italianos e multiplicar por mil e mesmo assim ainda achamos que nada pode ser mais desorganizado.


Seis da manhã levantei-me revigorado por um sono profundo e descansado. Chegava finalmente o dia que esperava, achei melhor dirigir-me para o terminal das camionetas no táxi do hotel, não queria perder tempo e muito menos estar preocupado se chegaria ao local de destino. O Senhor do táxi era hilariante perguntou-me se estava sozinho e porque é que estava sozinho, tentou-me convencer quando regressasse a Lima a ir a um dos diversos clubes nocturnos que existem na noite de Lima, obviamente repletos de mulheres atraentes e em que a diversão é abundante, deu-me inclusivé um cartão dele que estava associado a um clube, declinei a oferta educadamente e chegado ao terminal agradeci a gentileza e apressei-me para a camioneta.


Era a hora finalmente de começar a Viagem, hora de sair de qualquer resto de «conforto» que poderia ter em Lima, hora de partir para o desconhecido...



João


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias de Uma Viagem ao Peru
























Introdução


Esperei algum tempo para falar sobre a minha viagem ao Peru, queria poder reflectir e amadurecer os eventos que senti, tendo uma perspectiva mais distante e realista da viagem que fiz. Espero retratar memórias de uma viagem marcante a todos os níveis e recordar de forma pormenorizada os dias vividos naquela parte do Mundo. Quero um dia bem distante de o de hoje, lembrar-me do Peru e voltar a sentir a mesma profunda alegria, sorrir da mesma forma apaixonada e com o mesmo brilho nos olhos, que vivi no Peru.


Hoje, olhando para trás sinto que algo mudou, algo mudou para sempre...


João

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

É Urgente...

















É urgente o Amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as seara,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o Amor,
É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Palavras
















Há palavras que são vazias!
são Meras palavras,
desprovidas de verdade e por consequência de emoção.
Palavras que falam do tudo, ocas em significado
Ahh, triste o destino das palavras

Porque o sentir é verdadeiro, mas a «palavra» não...

João

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Quero...

















Quero...
pular,
correr,
sorrir,
chorar,

Quero...
Viver,
abraçar o Universo,
com Nebulosas e Tudo...


João

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Noite...
























Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.


Fernando Pessoa



à Noite,

naquele Lugar,

Estas Palavras...



João

Estranho























Por vezes trago um Estranho dentro de mim

Fala comigo em silêncio,

Esquivando-se por entre Sonhos e pensamentos

Não sei quem é, apenas que existe.

Não diz quando chega e muito menos que vai partir

Traz mensagens não sei de quem,

Mensagens que dizem não sei o quê...



João

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Liberdade



















Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres
Se elas voltarem é porque as conquistei.
Se não voltarem é porque nunca as possuí...

John Lennon

domingo, 14 de junho de 2009

Despedida...



















Sinto...

Em mim o que há de primordial é o hábito e o jeito de sonhar. As circunstâncias da minha vida, desde criança sozinho e calmo, outra[s] forças talvez, amoldando-me de longe, por hereditariedades obscuras a seu sinistro corte, fizeram do meu espírito uma constante corrente de devaneios. Tudo o que eu sou está nisto, e mesmo aquilo que em mim mais parece longe de destacar o sonhador, pertence sem escrúpulo à alma de quem só sonha, elevada ela ao seu maior grau.

Quero, para meu próprio gosto de analisar-me, ir, à medida que isso me ajeite, ir pondo em palavras os processos mentais que em mim são um só, esse, o de uma vida devotada ao sonho, de uma alma educada só em sonhar.

Fermando Pessoa


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Álvaro de Campos



Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo

Álvaro de Campos



Nascido a cada momento
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás ...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem ...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras ...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo ...

Alberto Caiero



O meu mundo não é como o dos outros,
Quero demais, exijo demais,
Há em mim uma sede de infinito,
Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo,
Pois estou longe de ser uma pessimista;
Sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada.
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... Sei lá de quê!"

Florbela Espanca



Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio



Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade


Sou...

Diz-me que solidão é essa
Que te põe a falar sozinho
Diz-me que conversa
Estás a ter contigo

Diz-me que desprezo é esse
Que não olhas para quem quer que seja
Ou pensas que não existes
Ninguém que te veja

Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos

Uhhhhh...
Uhhhhh...

Lá vai o maluco
Lá vai o demente
Lá vai ele a passar
Assim te chama toda essa gente

Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

Diz-me que loucura é essa
Que te veste de fantasia
Diz-me que te liberta
De vida vazia

Diz-me que distância é essa
Que levas no teu olhar
Que ânsia e que pressa
Tu queres alcançar

Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos

Uhhhhh...
Uhhhhh...

Lá vai o maluco
Lá vai o demente
Lá vai ele a passar
Assim te chama toda essa gente

Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

Mas eu estou sempre ausente e não conseguem alcançar
Não conseguem alcançar

http://www.youtube.com/watch?v=0fKWsZgwawU
António Variações


Literatura da Viagem:
  • Arte da Guerra Sun-Tzu;
  • Poemas (Alberto Caeiro);
  • Into the Wild (Jonh Krakauer);
  • A morte de Ivan Ilitch (Tolstoy);


Música da Viagem: http://www.youtube.com/watch?v=DuGbpW-pGYg

Pedra Filosofal

"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."

António Gedeão


Choro a lonjura... Estas lágrimas que se escondem do dia de amanhã, são vossas, são tuas. Porque vos levo no meu Ser...

Agora posso partir, despojado do que fui
Na esperança do que quero Ser...


João

P.S: Até à minha volta... Saudade, desta que é a Pedra mais linda do meu castelo...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Alma

















minha Alma...

Não tem portas nem janelas
Não tem fim, nem princípio

E na exaltação imperfeita do que sinto

Num grito, tende para o Infinito...


«Sinto-me nascido a cada momento, para a eterna novidade do Mundo»
«Porque o fundo do coração está mais longe que o fim do mundo»


João/Alberto Caeiro

domingo, 7 de junho de 2009

Na tua Mão...

















Que perfeito coração
Morreria no meu peito
Meu amor na tua mão
Nessa mão onde perfeito
Bateu o meu coração

Meu amor
Na tua mão
Nessa mão onde perfeito
Bateu o meu coração


Amália Rodrigues

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Into the Wild















Não tinha uma fotografia minha, que reflectisse aquilo que sinto, pelo que "roubei" uma do filme. É a imagem de alguém que quer abraçar o mundo, alguém maior que a própria vida, alguém assim é, Raro. Porque a Felicidade conquista-se...

Sinto o esgotar dos dias e uma inquietude miúda apodera-se de mim. Estou quase de partida, para aquela que será uma viagem rumo ao desconhecido, rumo a locais maravilhosos a paisagens de Sonho. Ao contrário do previsto vou abraçar esta aventura sozinho, levo na bagagem Sorrisos, Sonhos, Vontades, levo-me a mim e ao meu Caderno. Estou nervoso, vou partir apenas com aquilo que quero ver, sentir, experienciar.


Achei apropriado voltar a ver o "Into The Wild", filme que em 2007 me roubou lágrimas e que para sempre marcou a minha Vida. Este filme retrata a história de Christopher McCandless de 22 anos, um jovem americano que não se enquadra na sociedade materialista dos nossos tempos, um jovem profundamente idealista que luta pelos seus Sonhos. McCandless acabou a universidade e decidiu partir para o Alaska, o dinheiro que tinha deu-o a uma instituição de caridade e foi perseguir o seu Sonho " Im going to Alaska", frase que repetia às pessoas que ia encontrando na sua jornada. Ao aprofundar o meu conhecimento sobre esta pessoa extraordinária, comoveu-me a forma como alguém tão jovem, «toca» a vida de tanta gente, apenas por ser quem é, um jovem , simpático , inteligente, Sonhador. Christopher McCandless não descobriu a cura para o cancro, não bateu um record mundial, apenas foi ele próprio, alguém que se recusa a aceitar as imposições, as leis da vivência social.
Admiro pessoas que tenham uma visão da vida diferente e impressionou-me o facto de alguém que tem apenas 22 anos, ter já em si, tamanhas crenças, tamanhos ideais, tamanhos Sonhos. Um jovem que cita Tolstoy ao virar de cada conversa, um jovem incompreendido, sim, incompreendido por aqueles que nunca vão Amar, Sentir, Chorar, Rir de forma verdadeira.
É facil invocar as influências de Thoreau em Christopher McCandless, mas na minha opinião McCandless transcende o Naturalismo, procurando um significado mais profundo para a sua própria essência.

Tolstoy:
"True life is lived when tiny changes occur"
"Everyone thinks of changing the world, but no one thinks of changing himself"
"If you want to be happy, be"

Não posso deixar de mencionar o papel extraordinário de Emile Hirsch neste filme, a expressão dos seus olhos aguados, as emoções que partilha com quem está a ver o filme, o brilho que o envolve quando fala do Sonho de ir para o Alaska, o sentimento que põe nas citações de Tolstoy, o estado de magreza a que foi sujeito. A sua representação é de uma harmonia perfeita, atravessando o nosso ser com a ferocidade de um furacão, derrubando as barreiras da nossa Alma, como folhas de outono que caem das árvores, apenas com o assobio do vento.
A cena final do Filme é tão bela que nos rasga por dentro , chega mesmo a doer: "Hapiness only real when shared". Na altura aquelas palavras gritaram dentro de mim, hoje e ao rever o filme concluo que: hapinesse only real when shared with the right person. Nada vale partilharmos o que somos, o melhor de nós, com quem nunca poderá, se quer, entender essa Felicidade. Teria gostado muito de ter conhecido Christopher McCandless, tenho em mim a certeza que com mais experiência de Vida partiharia da mesma opinião.

http://www.youtube.com/watch?v=xZPhpejWJuM&feature=related

Fascina-me a inteligência, fascina-me a preseverança daqueles que lutam por mudar o mundo, por um Sonho, por um Ideal, que não aceitam as regras de uma sociedade corrupta de sentimentos, moribunda de valores, vã de Amor, uma sociedade que cria autómatos em vez de seres humanos. Há pessoas que estão na Vida, de uma forma muito particular. Há Sonhos que carregam uma esperança pulsada pela luz das estrelas, uma esperança que não quebra e que não tem fim.

A banda sonora deste filme é também simplesmente maravilhosa, vamos sendo arrebatados pela música de Eddie Vedder. As letras são melodias divinas em palavras repletas de Sonhos, Sentidos, Ideias, Sentimentos, fecho os olhos e vejo-as a voar baixinho por entre paisagens de encantar. Deixo algumas algumas das palavras que escutei e que me fizeram Sonhar...

Long Nights
Have no fear
For when I'm alone
I'll be better off than I was before

I've got this life
I'll be around to grow
Who I was before
I cannot recall

Long nights allow me to feel
I'm falling
I am falling
The lights go out
Let me feel
T'm falling
I am falling safely to the ground
Ah...

I'll take this soul that's inside me now
Like a brand new friend
I'll forever know

I've got this light
And the will to show
I will always be better than before

http://www.youtube.com/watch?v=0V7WItOr4O8&feature=related

Guarantee
Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wandering, but I'm never what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts
I'm alive...

Wind in my hair, I feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night I hear the trees, they're singing with the dead
Overhead...

Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed

http://www.youtube.com/watch?v=IWgxntibBtE&feature=rec-HM-r2

Society
Oh it's a mystery to me.
We have a greed, with which we have agreed...
and you think you have to want more than you need...
until you have it all, you won't be free.

There's those thinkin' more or less, less is more,
but if less is more, how you keepin' score?
It means for every point you make, your level drops.
Kinda like you're startin' from the top...
and you can't do that.

Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely, without me.
Society, crazy indeed...
I hope you're not lonely, without me
Society, have mercy on me.
I hope you're not angry, if I disagree.
Society, crazy indeed.
I hope you're not lonely...
without me.

http://www.youtube.com/watch?v=pRUGvArWXLk&feature=related


Rise
Such is the way of the world
You can never know
Just where to put all your faith
And how will it grow

Gonna rise up
Burning back holes in dark memories
Gonna rise up
Turning mistakes into gold

Such is the passage of time
Too fast to fold
And suddenly swallowed by signs
Low and behold

Gonna rise up
Find my direction magnetically
Gonna rise up
Throw down my ace in the hole

http://www.youtube.com/watch?v=32Js2Ef5Ojg

Estou a pensar qual o livro que levo para me acompanhar, nesta jornada. Acho que vou escolher um escritor Russo em detrimento de escritores da beat generation (que também seriam uma boa escolha). Depois de ler Gogol, Dostoievksy, chegou a vez de Tolstoy, parece-me apropriado.

Os dias vão correr e dentro de poucos dias, também eu irei partir, partir Into the Wild... partir rumo às respostas para os meus Sonhos.

No alto da montanha irei Gritar o Sonho da minha Vida,
que se entranhe nos vales da Terra,
que beba das nascentes dos rios,
que cheire os prados de flores,
que risque os céus do Universo,


A verdadeira Solidão, é a Solidão da Alma...


Com Amor,
João


João/Tolstoy/Eddie Vedder

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Das Utopias
















Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!


Mário Quintana

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Voltas e mais Voltas
























A exigência com nós próprios, é o caminho que nos leva aos nossos Sonhos. Não devemos aceitar menos, do que aquilo que merecemos.

Ser-se exigente...
é não aceitar que a Vida dite o nosso destino, é sermos nós os donos do nosso caminho.
é ter sempre em perspectiva, que os nossos Sonhos, são tudo aquilo que há de mais importante em Nós
é não aceitar que a nossa Vida se torne numa sobrevivência, em que apenas existimos.
é procurar soluções onde os outros vêem desculpas.
é ter um rumo para o Sonho da nossa Vida.
é ter coragem de dizer não ao bom, para poder dizer sim, ao Inimaginavelmente Belo.


Sonhar...
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
É condensar o mundo num só grito!


João/Florbela Espanca

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Aquela Porta


















Hoje vi-te... Passaste por aquela porta, aquela que me tinhas prometido que nunca irias transpor.

Trazes a tristeza no teu rosto, há quanto tempo não via tamanha amargura, tamanha solidão, tamanha melancolia. Tudo em ti é triste, como um grito do desespero que inunda o teu corpo, transbordando em silêncio, pelas ruas do destino.
Paraste em frente à porta, olhaste para trás, como que a tentar perceber se alguém te olhava. Não me esqueço desse voltar de face, na realidade queres cruzar essa porta sem que ninguém te veja, porque estás a admitir que afinal não és assim tão forte, que não és essa fortaleza que todos pensam que és, que não és inabalável, indestrutível, afinal és um simples ser humano. Hoje és um mero castelo de areia que se desmoronou, apenas com um sopro da Vida, hoje és um nada disfarçado de tudo, hoje és o solstício do inverno, que na noite mais profunda não quer viver.
Estás a chorar como uma criança, as lágrimas esvaziam o teu olhar, cada uma traz uma emoção, mas nenhuma traz alegria, não param, nem querem parar, anseiam apenas por encontrar o seu caminho. Queres te esconder do mundo, mas eu vejo-te, não me iludes com esse teu jeito de quem tem o Tudo na Alma, de mim não te podes esconder. Sei que te sentes em clausura, pois não há maior prisão do que aquela que se esconde dentro de nós, é uma prisão da qual não se pode escapar, não tem paredes, nem grades, apenas convicções, é uma prisão feita de certezas incertas, é a tua prisão.
Grito-te ao longe, mas não me ouves, na realidade não ouves ninguém, diria até, que tens a Alma surda. Observo-te e tu não me vês, afinal tens também a Alma Cega. Contínuo a gritar e tu nada, de repente decides avançar, tento-te impedir, mas não sei como, desapareces, desapareces no nevoeiro dos teus pensamentos e não dizes por onde vais e se algum dia voltas.

Resolvi que vou esperar sentado, sentado nesta pedra que tu um dia me disseste, ser a pedra mais linda do teu Castelo. Não sei se voltas, espero que sim...



João

sábado, 2 de maio de 2009

2046
























"Todas as recordações são rastos de lágrimas"

Há muito esperava este momento, ir para 2046. Existe um comboio misterioso que parte para 2046, todas as pessoas que entram neste comboio procuram memórias desvanecidas, isto porque em 2046 nada muda. Em 2046 procuram-se Amores perdidos, procuram-se Amores não vividos, em 2046 procuram-se Emoções. Quando se entra neste comboio o tempo deixa de existir, apenas a realidade insondável do que se procura sentir. Nunca ninguém voltou de 2046...


Partir para 2046 é no fundo, parar no tempo e não caminhar na Vida. Quem verdadeiramente já Amou e perdeu esse Amor, em determinado período da Vida viajou para 2046. Nesta viagem sem destino, há quem consiga efectivamente regressar e cortar com o passado, há quem consiga voltar a Amar. Aqueles que não voltam, são aqueles que perderam o Amor da sua Vida, para esses não existe retorno possível, apenas o contentamento virtual das memórias, para esses a tristeza eterna de quem tudo perdeu. Há quem nunca consiga voltar a Amar...

Tal como é mencionado no filme "O Amor é uma questão de oportunidade, de nada vale encontrar a pessoa certa, antes ou depois da altura certa"

"No Amor não há substitutos"

http://www.youtube.com/watch?v=0fV7L0SS3B0&feature=related


João

terça-feira, 14 de abril de 2009

Gestos

















Há gestos que têm tanto de surpreendente, como de maravilhoso. Há gestos «Bonitos»

"Bonita"

Primeiro foram as mãos que me disseram
que ali havia gente de verdade
depois fugi-te pelo corpo acima
medi-te na boca a intensidade
senti que ali dentro havia um tigre
naquele repouso havia movimento
olhei-te e no sol havia pedras
parámos ambos como se parasse o tempo
parámos ambos como se parasse o tempo

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas

atrevi-me a mergulhar nos teus cabelos
respirando o espanto que me deras
ali havia força havia fogo
havia a memória que aprenderas
senti no corpo todo um arrepio
senti nas veias um fogo esquecido
percebemos num minuto a vida toda
sem nada te dizer ficaste ali comigo
sem nada te dizer ficaste ali comigo

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas

falavas de projectos e futuro
de coisas banais frivolidades
mas quando me sorriste parou tudo
problemas do mundo enormidades
senti que um rio parava e o nevoeiro
vestia nos teus dedos capa e espada
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse no fundo preciso
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse preciso dizer nada

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim pessoas

Pedro Barroso
http://www.youtube.com/watch?v=xzUjbfQHq9Y


Concordo, é mesmo muito "difícil encontrar pessoas assim bonitas"...


Obrigado Sandra.


João

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pedras no Caminho
























Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
E se tonar autor da sua própria história.
É atravessar desertos fora de si,
Mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É falar de si mesmo.
É ter coragem de ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.


Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...


Fernando Pessoa

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Emoções, Num olhar de um Piano
























Porque há momentos na Vida que são incomparáveis.

Fui escutar um piano, confesso que desde há algum tempo me tornei fã deste instrumento, que é para mim tão só o meu instrumento de eleição e aquele que um dia almejo em saber «sentir». Como é normal ouvi diversas vezes música clássica quando era mais novo, mas por razões de maturidade não consegui perceber a verdadeira dimensão deste tipo de música e fazia aquelas críticas normais, de quem ainda tem a Alma fechada, para este tipo de coisas.

Lembro-me como se fosse hoje, quando o momento mágico chegou. Estavamos em 2002, foi num filme de Roman Polansky "O Pianista", como esquecer aquela cena em que Władysław Szpilman (Adrien Brody) «toca» para o capitão Nazi. A magia desse momento perdurará para sempre nos anais do cinema. Trata-se de um momento simplesmente magnífico, de uma «beleza» e intensisdade emocional extrema. Władysław Szpilman (Adrien Brody) completamente esfomeado é apanhado pelo seu "inimigo", este, ao vê-lo e confrontado com o estado de miséria humana, procura saber quem ele é. A resposta "Ich war Pianist", abriu o pano para esta cena verdadeiramente sublime. Szpilman interpreta Chopin (Ballade 1 in G Minor OP.23). Recordo-me tão bem (oiço neste momento esta música), os nós na garganta, as lágrimas que cairam pelo meu rosto, o turbilhão de emoções que vivi naquele momento, naquele cinema, é um momento inesquecível.
As emoções são algo de transversal na raça humana, mas o Sentir de forma especial não, apenas está ao alcançe de alguns. Foi esse Sentir que naquele momento uniu o Pianista e o Capitão Nazi. As emoções são o elo de ligação das Almas Iluminadas, reconhecem-se, tocam-se no vácuo do tempo, e vivem para sempre...

http://www.youtube.com/watch?v=RkUVb1AJbSM&feature=related

Devo acrescentar, que depois do início do meu interesse por musica clássica e nomeadamente por Piano, me dei conta que tenho uma tendência natural para o período Romântico: Beethoven, Chopin, Tchaikovsky, Mendelssohn. E para os Russos: Prokofiev (quem já assistiu ao Bailado O Lago dos Cisnes, deve entender do que falo), Rachmaninov. Acho que os Russos têm um pouco da "Alma Portuguesa", que nós tão bem reconhecemos no Fado. Têm aquela melancolia que voa na palavra «Saudade», uma intensidade dramática que toca a Alma.


Não sendo um entendido na matéria, tenho para mim que tocar piano, além da componente técnica e de aprendizagem musical que é necessária, tem muito de emocional nas suas interpretações. Tal como um Poeta que escreve o que sente, o Pianista toca o que lhe vai na Alma. Deve ser algo de tão maravilhoso, que nem se quer imagino o que estas pessoas devem sentir...
Todo o ser humano Sente, é instrínseco à Alma Humana, mas há pessoas que Sentem de outra forma, estão num outro Universo, não partilham o mundo com o comum dos mortais, devemos aceitar esse facto e não sermos hipócriticas, caindo no clichê recorrente que "somos todos iguais", não é verdade, há pessoas mais inteligente que outras, há pessoas mais espertas que outras, há pessoas mais «boas» que outras, há seres humanos melhores que outros. São estas pessoas pessoas que devemos encontrar nos desencontros da Vida, e é por momentos assim que vale a pena Viver...


Ao som do teu piano,
profunda melancolia

Envolto em lágrimas púrpuras,
a doce frescura do teu Olhar

Porque há Gente que não é só,
Gente...


João

domingo, 29 de março de 2009

Amostra sem valor






















Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão

8 ou 80
























Fui à janela e vi o Sol, encheu-me a alma. Decidi ir fotografar, sinto que logo à tarde, a Luz de Lisboa (que apenas habita a realidade da nossa mágica cidade) me vai contar histórias de encantar. Vou «agarrar» imagens, vou «roubar» momentos congelados no tempo, vou ser Feliz.

Não escrevo sobre mim, mas hoje acordei com essa vontade. Será uma excepcionalidade, neste meu pequeno «Passeio dos Sonhos».
Resolvi escrever ao som de música, ritual que não dispenso quando descobri que gosto de escrever, de navegar pelos meus pensamentos. Escolhi Yann Tiersen, conheci-o quando vi o filme " O Fabuloso Destino de Amelie Poulain", foi Amor à primeira vista.

Sou por vezes "criticado" pela forma intensa, apaixonada como me entrego à Vida, às coisas/pessoas que gosto. Não concebo Viver de outra forma. Dizem-me que devia dosear as minhas verbalizações, a forma como me entrego. A maioria das pessoas não estão preparadas para lidar com alguém como eu, dizem. Interrogo-me nesta afirmação, até porque quero ao pé de mim pessoas excepcionais, incríveis. Como é possível viverem, contidos, com medo, viver num mundo de duplos significados, em que o sim é não e o não é sim. Vivem com medo de Sentir, de se magoar, com medo de cair. Na realidade vivem com medo de serem Felizes, porque o "Sofrimento" e a Felicidade andam lado a lado na Vida. Como dar valor a algo, se não pudermos comparar?

Digo o que sinto e as minhas acções são o reflexo disso mesmo, não faço fretes, nem quero que os façam comigo. Gosto de transparência, que me digam as coisas mais belas do mundo e também as coisas mais terríveis caso o seja necessário, sem receios, nem medos, com a atitude de quem diz o que sente e sente o que diz.
As palavras devem ser um prolongamento das nossas acções, uma materialização verbal do que fizemos ou faremos. Quando elas não se encontram, então há algo que não está bem. Na minha curta experiência de vida, digo que não devemos perder tempo com este tipo de atitude, é simplesmente uma perda de energia que poderia estar a ser canalizada para algo muito mais interessante.

Não sou de cinzentos, não viajo pela Vida como o equilibrista que atravessa o arame, que não cai e que se cair tem a segurança da rede. Tomo opções, boas ou más, tomo-as, já errei, já acertei, Vivo. Já caí algumas vezes, custa, é díficil, mas permite-me ficar cada vez mais perto dos meus Sonhos, queda após queda. Não desisto nem que tenha de cair um milhão de vezes e de me levantar outras tantas vezes. Lutarei contra o Mundo, com e sem Moinhos de Vento, Luto de peito aberto. Os meus Sonhos? a minha espada...

Não abdico das minhas convicções. Não abdico do que Sou..

Sou,
8 ou 80
Tudo ou Nada
Preto ou Branco
Amigo ou Inimigo
Viver ou Morrer

Não tenho meio termo, sou assim...
Estou Certo ou Errado, é Bom ou é Mau? O futuro o dirá...


João

P.S: João adorei ler na Visão que estás «largado ao Vento», tens razão é profundamente poético, é algo de tão bonito que me vieram as lágrimas aos olhos.
Abraço com Saudade

quinta-feira, 12 de março de 2009

Há Dias...















Fugi de ti,
Ilusão de mim

Luto,
Oiço-te

Metamorfose
Encantada

Nada,
Até

Nunca...


João

Momentos Inimaginavelmente Belos

















Tenho para mim que as coisas importantes na Vida, são Inimaginavelmente Belas. A importância das coisas e tão maior quanto a sua intensidade, raridade, significado.
O Inimaginavelmente Belo (digo Belo não num sentido estético) é raro, e é raro para que o possamos distinguir de tudo o resto que acontece na nossa Vida e que é de alguma forma banal, e não tem o significado de um Sonho, de uma excepcionalidade, da percepção que temos quando de facto estamos perante um momento único.

Que diríamos de uma sonata para piano, de Chopin, se todos pudéssemos compor de forma tão sublime. Que diríamos de um Guernica (Picasso) ou de um O Beijo (Gustav Klimt), se todos tivessemos o dom de pintar. Que diríamos do Romeu e Giulietta (Shakespeare) se todos pudéssemos escrever. Que diríamos do Amor da nossa Vida, se cada pessoa que cruza o nosso caminho, fosse também ela o Amor da nossa Vida...

A raridade tem também uma explicação científica, mais concretamente através da estatística, e pode ser explicada através dos axiomas da probabilidade. Explicando de forma muito simples: se é raro, a sua possibilidade de ocorrência é menor. Esta regra matemática não deixa de ser cruel, em muitos casos, há pessoas que se calhar nunca vão poder sentir um Momento destes.

Por vezes vivemos tão ansiosos por esses Momentos Inimaginavelmente Belos, que nos esquecemos de estar preparados para eles, quando eles realmente nos batem à porta. Como poderemos sentir a verdadeira dimensão de algo tão profundo, se estamos muitas vezes direccionados para as tais banalidades, que a Vida e mais concretamente a Sociedade faz o "favor" de nos apresentar no nosso dia a dia. Por vezes custa muito manter a perspectiva deste Ideal, porque somos pressionados a viver como máquinas, como seres não pensantes, programados para não sentir, para não Viver, puxados para uma sobrevivência material. Eu digo Sentir em vez da dormência que nos querem impor, eu digo Emoções em vez do ter , eu digo rir, chorar, sonhar, celebrar, errar, Eu digo Viver e não sobreviver...


Existe uma frase do Fernando Pessoa que gosto particularmente: "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"

Podemos ser pessoas orientadas à raridade ou a banalidade, mas isso é uma escolha de cada um de nós, que não deve, nem pode ser criticada, porque se trata de uma opção e cada indivíduo deve ter a liberdade de, poder escolher o seu próprio caminho.

Eu escolhi o caminho do Inimaginavelmente Belo e tu?


João

quinta-feira, 5 de março de 2009

Palavras de Vento

























Palavras Invisíveis,
Lutam em Silêncio,
Silêncio que não se apaga

E que Vive para sempre...


João

domingo, 1 de março de 2009

E por Vezes...

























E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.


David Mourão Ferreira

domingo, 22 de fevereiro de 2009

La Boheme
























Acredito na Eternidade das coisas, sentimentos e emoções, acredito em histórias de Príncipes e Princesas, em Amores Lunares ao som de pianos, acredito no Inimaginavelmente Belo, acredito em Sonhos que vivem no infinito.

Hoje fui escutar uma história de Amor, mas não uma história de Amor qualquer, a história de Rodolfo e Mimi. Esta obra intemporal passa-se no século XIX, em Paris, e tem em Rodolfo, um poeta pobre, que queima a sua própria obra para se aquecer e em Mimi, uma hábil costureira que não sabe porque lhe chamam Mimi e sofre de tuberculose, os seus principais protagonistas. É verdadeiramente uma história de Amor Eterno, carregada do dramatismo, magia e poesia que apenas um história Eterna pode ter. Se Rodolfo era poeta, Mimi era a sua poesia...
Somos contagiados pelas emoções que Rodolfo e Mimi vão vivendo. O desespero de Rodoldo por ser pobre e viver em condições degradantes com os seus companheiros Boémios, as desculpas de ciúmes que usa para afastar o seu grande Amor. Mimi, alma sublime, que luta contra a sua doença por Rodolfo, como ela própria diz, o "Amor de toda a sua Vida".

Dizem que Pucinni quando acabou de "escrever" esta Ópera, chorou como um bebé. Quem cria algo de tão belo, é tão só Eterno.

Obrigado Pucinni, obrigado por fazeres Sonhar... É Inimaginavelmente Belo.

Deixo aqui um excerto do 1ºacto

Che gelida manina
Se la lasci riscaldar.
Cercar che giova?
Al buio non si trova.
Ma per fortuna
è una notte di luna,
e qui la luna
l'abbiamo vicina.

Aspetti, signorina,
le dirò con due parole
chi son, e che faccio,
come vivo. Vuole?

Chi son?
Sono un poeta.
Che cosa faccio? Scrivo.
E come vivo? Vivo!
In povertà mia lieta
scialo da gran signore
rime ed inni d'amore.
Per sogni e per chimere
e per castelli in aria,
l'anima ho milionaria.
Talor dal mio forziere
ruban tutti i gioelli
due ladri, gli occhi belli.
V'entrar con voi pur ora,
ed i miei sogni usati
e i bei sogni miei,
tosto si dileguar!
Ma il furto non m'accora,
poichè, v'ha preso stanza
la dolce speranza!
Or che mi conoscete,
parlate voi, deh! Parlate.
Chi siete? Vi piaccia dir!


http://www.youtube.com/watch?v=rpxXlhTP8os
http://www.youtube.com/watch?v=NlBFBO5odvM&feature=related

Diz-se que o Amor vence tudo, acredito que sim. Chega a vencer até a morte, perguntem ao Infante D.Pedro.


João

Estrela da Tarde






















Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde

Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza

Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

José Carlos Ary dos Santos

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Caminhos























Há Caminhos,
Murmúrios escondidos
nas Pedras cinzentas

Há Caminhos,
Luz difiusa
na Alma rasgada

Há Caminhos,
Embriagados
sem Destino

Caminho, Caminhando,
Caminho por Ti


João

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ilusão















Peço ao tempo,
Que me dê um vislumbre de ti

Apenas,
E não tão pouco que
possa carregar em mim
algo Teu



João

domingo, 11 de janeiro de 2009

Esperança


Olho o Mar,
Vagueio nos trilhos do tempo
Perco-me nos sussuros da espuma
Grito ao Infinto, O Sonho

Tuas vagas,
Lágrimas

Teu Perfume,
Tristeza

Tua Alma,
Meu Ser

Olho o Mar,
Carrego em mim o Sonho de mil vidas
Anseio o sublime interminável
Desejo a perfeição imperfeita


Agarro o Ocaso
Ilusão do Sonho

Chega a Noite
Negrume Sentido

Olho o Mar,
Espero


João

True Love



Two households, both alike in dignity,
In fair Verona, where we lay our scene,
From ancient grudge break to new mutiny,
Where civil blood makes civil hands unclean.
From forth the fatal loins of these two foes
A pair of star-cross'd lovers take their life;
Whose misadventured piteous overthrows
Do with their death bury their parents' strife.
The fearful passage of their death-mark'd love,
And the continuance of their parents' rage,
Which, but their children's end, nought could remove,
Is now the two hours' traffic of our stage;
The which if you with patient ears attend,
What here shall miss, our toil shall strive to mend.

A glooming peace this morning with it brings.
The sun for sorrow will not show his head.
Go hence, to have more talk of these sad things;
Some shall be pardon’d, and some punished;
For never was a story of more woe
Than this of Juliet and her Romeo.

Romeu e Julieta -Shakespeare

sábado, 10 de janeiro de 2009

Desejo-Te




Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

Vitor Hugo

Obrigado Sandra