quinta-feira, 7 de maio de 2009

Aquela Porta


















Hoje vi-te... Passaste por aquela porta, aquela que me tinhas prometido que nunca irias transpor.

Trazes a tristeza no teu rosto, há quanto tempo não via tamanha amargura, tamanha solidão, tamanha melancolia. Tudo em ti é triste, como um grito do desespero que inunda o teu corpo, transbordando em silêncio, pelas ruas do destino.
Paraste em frente à porta, olhaste para trás, como que a tentar perceber se alguém te olhava. Não me esqueço desse voltar de face, na realidade queres cruzar essa porta sem que ninguém te veja, porque estás a admitir que afinal não és assim tão forte, que não és essa fortaleza que todos pensam que és, que não és inabalável, indestrutível, afinal és um simples ser humano. Hoje és um mero castelo de areia que se desmoronou, apenas com um sopro da Vida, hoje és um nada disfarçado de tudo, hoje és o solstício do inverno, que na noite mais profunda não quer viver.
Estás a chorar como uma criança, as lágrimas esvaziam o teu olhar, cada uma traz uma emoção, mas nenhuma traz alegria, não param, nem querem parar, anseiam apenas por encontrar o seu caminho. Queres te esconder do mundo, mas eu vejo-te, não me iludes com esse teu jeito de quem tem o Tudo na Alma, de mim não te podes esconder. Sei que te sentes em clausura, pois não há maior prisão do que aquela que se esconde dentro de nós, é uma prisão da qual não se pode escapar, não tem paredes, nem grades, apenas convicções, é uma prisão feita de certezas incertas, é a tua prisão.
Grito-te ao longe, mas não me ouves, na realidade não ouves ninguém, diria até, que tens a Alma surda. Observo-te e tu não me vês, afinal tens também a Alma Cega. Contínuo a gritar e tu nada, de repente decides avançar, tento-te impedir, mas não sei como, desapareces, desapareces no nevoeiro dos teus pensamentos e não dizes por onde vais e se algum dia voltas.

Resolvi que vou esperar sentado, sentado nesta pedra que tu um dia me disseste, ser a pedra mais linda do teu Castelo. Não sei se voltas, espero que sim...



João

Sem comentários:

Enviar um comentário