sábado, 12 de junho de 2010

Destino
























Hoje voltei-te a encontrar, ali estavas, parado com o Tejo aos teus pés, sozinho por entre as tuas fotografias, o teu caderno, os teus pensamentos, as tuas memórias. Convidaste-me para sentar ao teu lado e desfrutar da tua vista preferida, aquela que te enche não apenas o olhar mas a Alma. Esboçaste-me um sorriso e como sempre e de forma educada perguntaste-me como estava, foi nesse momento que olhei para os teus olhos e percebi a tua mudança, essa que consome o teu olhar e de forma escondida te queima o corpo, a mente, cada pensamento. Como pude não reparar no que agora vejo, por entre esse teu rasgar de olhos meigos e sorriso fácil esconde-se uma Alma inquieta. Por entre a encruzilhada dos teus sorrisos falas-me da liberdade e do amor, destes dois sentimentos que parecendo antagónicos são tão iguais. Já viveste os dois, não podem coexistir dentro da mesma Alma. Perguntas-me o que escolheria, não sei te responder, muito menos se existe se quer resposta possível para o que me perguntas. Mas tu dono das tuas certezas convictas falas-me agora de uma liberdade pela qual anseias, a liberdade de um admirável mundo novo, a liberdade das conversas com estranhos que cruzam a tua vida por um minuto e se arrastam pela eternidade da tua vida, a liberdade das lágrimas quando sobes uma montanha, a liberdade dos sorrisos dos transeuntes de uma rua degradada qualquer, a liberdade das crianças sujas que brincam na rua felizes, a liberdade das emoções repletas de uma intensidade inimaginável , a liberdade dos dias que parecem meses, a liberdade de Sonhar. Estou estupefacto a olhar-te, a contemplar cada palavra que voa da tua boca. Pergunto-te pelo amor, respondes-me "uma alma verdadeiramente livre dificilmente voltará a amar, serei sempre uma alma incompreendida sem metade". É esse o preço que irás pagar.

Levantas-te e de forma simpática dizes-me adeus. Pões-te à estrada, essa que te leva aos desígnios do teu destino.

João

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